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sábado, janeiro 31, 2009

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Hoje és todas as coisas que deixaste para trás – uma casa abandonada de janelas estripadas – és todas as coisas que me prometeste e esqueceste.




Alice Turvo




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quarta-feira, janeiro 28, 2009

tradução caseira da lebre




Estava abraçada ao chão. Acreditei que tinha morrido e que a morte era dizer um nome sem parar.




Alejandra Pizarnik




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Soletro os dias em cada coisa que me olha quando me sinto a vê-la. É tudo. E não há desculpas para o que faço.



Rosa Alice Branco



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terça-feira, janeiro 27, 2009

tradução caseira da lebre


Quem fala do amor? Eu tenho frio
e quero ser Dezembro

Quero chegar a um bosque apenas sensível,
até à maquinaria do coração sem saldo.
Eu quero ser Dezembro

Dormir,
na noite sem vida,
na vida sem sonhos,
nos tranquilizados sonhos que desaguam,
no rio do esquecimento.

Há cidades que são fotografias
nocturnas de cidades.
Eu quero ser Dezembro.


Para viver ao norte de um amor que aconteceu
debaixo do beijo sem lábios de já há muito tempo,
eu quero ser Dezembro.

Como o cadáver branco dos rios,
como os minerais do Inverno.
Eu quero ser Dezembro



Luis García Montero




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domingo, janeiro 25, 2009

Mãezinha, ganhei dois Oscares

Obrigada Sofia Afonso e sem-se-ver

sábado, janeiro 24, 2009

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Um dia perguntou-me:
Estudaste os teus mapas? Conheces os caminhos?

Olhei-a desconfiada e, cheia de medo de me perder,
desenhei-me em quadrado,

desfiz-me em quilómetros.



Filipa Leal




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quinta-feira, janeiro 22, 2009

Vou-me sentar aqui, respirar até doer
as coisas possíveis nunca reais,
aprender, nó a nó, como te soltas;
Vamos cair num poço, sem
bússola e pára-quedas, vamos ser o primeiro
amor a dois no mundo.




António Franco Alexandre




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quarta-feira, janeiro 21, 2009

Que a noite nos deixe chover e estar à chuva.
Nenhum manto que não seja a neve
ou os teus cabelos
se vieres crescer à beira das ondas.

Não nos falem do frio por ser Inverno.
As árvores despidas não cobrem o sexo.



Catarina Nunes de Almeida



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terça-feira, janeiro 20, 2009

Ainda sei a tua morada, quando a releio no soletro dos números e sonetos, confundo-a de encontro aos atalhos do meu coração. Quanto mais te escrevo, de lugares e quereres divergentes, de saberes e deveres indiferentes, mais o gasto da memória se disfarça devagarinho na sola dos teus sapatos. Ainda sei o nome da tua rua.




Alice Turvo




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sábado, janeiro 17, 2009

sexta-feira, janeiro 16, 2009

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quarta-feira, janeiro 14, 2009

é difícil enumerar noites quando são
um nervo exposto da memória

se quero falar sobre as variações da insónia
sabes o que te posso contar?

à espera de resposta digo-te que
gosto de noites curtas

e que ao estar sozinha vão nascendo pássaros
nos regressos que desenho para portas por abrir







maria sousa






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tradução mesmo muito caseira

O que quero dizer é isto
não há um começo para um fim
mas há um começo e um fim para o começo.
Mas sim claro.
Qualquer um pode aprender que o norte claro
não é apenas o norte mas sim o norte como norte.
Porque é que eles estavam preocupados.
O que eu quero dizer é isto.
Sim claro.



Gertrude Stein



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terça-feira, janeiro 13, 2009

As mãos

(..)

Ambas podiam, consoante a ocasião, chamar a si qualquer destas funções - acariciar ou agredir - embora sempre de maneiras diferentes.

Apesar de apenas uma, provavelmente a que mais próxima estava do meu espírito, fazer o mar vir à superfície daquilo em que tocava, era impossível distingui-las, sobretudo pelo facto de elas, sem que alguma vez tenhamos descoberto de que modo, permutarem entre si.
Nunca sabíamos qual de ambas se encontrava grávida da outra.



Luis Miguel Nava




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sábado, janeiro 10, 2009

sexta-feira, janeiro 09, 2009

acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três outros rostos que amei.
num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos
qual tarde de maio
como um trunfo escondido na manga
carrego comigo tua última carta
cortada
uma cartada
não, amor, isso não é literatura.



Ana Cristina César



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quinta-feira, janeiro 08, 2009

Como num espelho onde te procuras
vês na água as palavras
que cabem no silêncio




maria sousa



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quarta-feira, janeiro 07, 2009

Vou guardar as tuas mãos na paixão que tenho por ti,
mas não te posso revelar o meu nome, nem precisas de o saber.
Chama-me o que quiseres, dá-me um nome para que possamos amarmo-nos.
Aquele que tinha perdi-o no caminho até aqui.
Pertencia a outra paixão, e já a esqueci.
Dá-me tu um nome para eu poder ficar contigo...




Al Berto




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terça-feira, janeiro 06, 2009

O piano de cauda das estrelas
tem raízes na música dos lagos.
Amar é a arte da música
num corpo moribundo. Morre-se
de um pequeno átomo de ansiedade e isso
é uma regra do jogo; só assim a morte andará descalça como
uma violeta pelos jardins da noite; só assim
nos restará a morte antes do fim.
O fruto do coração é pouco, semelhante à mágoa.
Olhar é uma página. Percorre-a a consciência de quando
não acontece nada. É preciso duvidar semeando limites
para ser-se ilimitado -- eis quando será legítimo enganar
os deuses. Maior que a montanha é
a gota de orvalho; maior que o sol é o movimento
da sombra. Os pássaros
não acontecem: vivem-se. É tarde
para inscrever o discurso da alegria
nas estruturas do ar?



Joaquim Pessoa



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segunda-feira, janeiro 05, 2009

Na lista dos teus fins venho no fim
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja.
Embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã, dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.




António Franco Alexandre



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sexta-feira, janeiro 02, 2009

Quando se perde alguém nunca é
exactamente a mesma pessoa que regressa.




Sharon Olds



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