Na lista dos teus fins venho no fim
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja.
Embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã, dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.
António Franco Alexandre
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja.
Embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã, dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.
António Franco Alexandre
3 Comments:
Um dos poetas portugueses vivos meu preferido, foi bom lê-lo logo de manhã. Obrigado.
Concordo com o nd: poema belíssimo. Às vezes penso sobre isso, o talento de acordar todas as manhãs, dormir todas as noites, e isso apesar de nunca estarmos curado da lepra ou do quer que nos incendeie.
Ah, e não sei onde você consegue essas fotos de raparigas, mas são todas elas de uma beleza extrema.
tu, tu, tu, sempre com estas palavras que nos apontam ao coração!
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