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terça-feira, julho 31, 2007

Ajudem-me, preciso de sugestões para entupir o meu leitor de mp3
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traduçao caseira de um poema que adoro


Há mil portas atrás
quando eu era uma miúda solitária
numa casa grande com quatro
garagens e era verão
desde sempre,
da noite deitada na relva,
com os trevos a enrugarem-se por cima de mim
as estrelas sábias deitadas sobre mim,
a janela da minha mãe um funil
de calor amarelo a escorrer
a janela do meu pai, meia fechada,
um olho onde adormecidos passavam,
e as tábuas da casa
eram macias e brancas como a cera
e provavelmente um milhão de folhas
velejavam nos seus caules estranhos
enquanto os grilos faziam tiquetaque em uníssono
e eu, no meu corpo recém estreado,
que ainda não era o de uma mulher,
dizia às estrelas as minhas perguntas
e pensava que Deus poderia mesmo ver
o calor e a luz pintada,
cotovelos, joelhos, sonhos, boa noite



Anne Sexton



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segunda-feira, julho 30, 2007

seguindo uma corrente que veio do Henrique e da T aqui fica a lista dos blogs que gostava de ver editados em livro

o acknowledge
o diàrio dòcil
o límpida medida
a menina limão
o isto é o que hoje é
o miglior fabbro
o loose lips, sink ships
o café dos loucos
o provas de contacto
o do avesso

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sábado, julho 28, 2007

Elvis has entered the blog
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sexta-feira, julho 27, 2007

Um dia voltarei à morada das papoilas
colher os versos vermelhos
que semeei na seara.

Um dia o vento estará maduro.




Albano Martins



quinta-feira, julho 26, 2007

E agora eu sou os meus sapatos. Tenho um par de sapatos dentro de mim. Um dois, dois um... sapatos dentro de mim.Era uma vez eu dentro de uns sapatos, fora e dentro de mim.Era uma vez duas de mim – uma sentindo este ruído na pele como peixe monstruoso, a outra, sentada, observando os sapatos,usurpando aconchego à cadeira. Distraem, prudentes, os sapatos,dançam em meus pés de sabão, evadindo-se de um funeral descalço; brincam, perversos, em voo contrário à amputação; movem-se sedutores, como gatos invisíveis, furtando-me a audição.Oiço-me no vulto das frases, surda do outro.

Era uma vez eu dentro de mim. Era uma vez os meus sapatos.


Ana Marques Gastão


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quarta-feira, julho 25, 2007

E partimos,

Baptizando o futuro
Com as últimas lágrimas.



Eugène Guillevic


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terça-feira, julho 24, 2007

aviso à passarola e qualquer outra pessoa com gostos semelhantes

O EWAN É MEU!
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O Luna Parque


Recordo-me perfeitamente. Era esplêndido, ir aos sábados ao Luna-Parque com a família.
Logo à entrada havia uma série de barracas de tiro ao alvo, com meninas simpáticas a chamar pela gente. Foi aí que o primo Rodrigo, ao disparar com o canhão de 12, se enganou e ficou sem a cabeça.

Havia também carrinhos com amendoins, sorvetes e aquele algodão de adoçar que nos deixava todos lambuzados. Sopeiras e magalas aos pares, de mão dada, a olhar para tudo. Vejam lá há quanto tempo isto foi!

E a Montanha Russa! Ah, a Montanha Russa, como eu gostava de andar nela! Um sábado íamos todos na Montanha Russa. No meio do entusiasmo, o tio Leocádio deu um empurrão à avó Amália, lá mesmo no alto da maior subida. Sem querer. Esborrachou-se toda cá em baixo, pobre avózinha. Tivemos pena.
Era realmente divertido. Nessas tardes fartava-me de comer tremoços e até bebia o meu pirolito.

Havia também a Grande Roda. Lá de cima via-se o Parque todo, ouvia-se a musiquinha que nos chegava como um som de distância. Era bonito. Certa vez, quando estávamos já na segunda volta, a tia Clarinda inclinou-se para ver melhor e ficou entalada nas engrenagens. Deu um certo trabalho a tirar dali os restos, coitados dos empregados.

No Comboio Fantasma foi-se o tio Geraldo. À saída, quando as portas se abriram e nos libertámos daquela escuridão medonha onde toda a gente dava gritinhos, demos por falta dele. O meu pai disse-me discretamente que devia ter sido um esqueleto que o apanhou. A verdade é que nunca mais o vimos.
E o papagaio que tirava a sina, lembram-se? Metiam-se dez tostões numa caixinha e o papagaio lá ia com o bico, zás, buscar a nossa sina. Como era engraçado!

Mas divertido, divertido mesmo, era o Grande Chicote. Levava-se cada safanão! Os carros batiam uns contra os outros e fartávamo-nos de rir. O Zézito, o filho da tia Josefa, levou um safanão tal que partiu a espinha. Era bom. Que saudade!
Depois comiam-se também umas farturas e eu até tinha direito a um copinho de abafado.

Quando chegava Outubro, com a melancolia das primeiras chuvas e as folhas douradas começando a cair das árvores, o Luna-Parque fechava e eu ficava já a pensar no ano seguinte.

Então o meu pai fazia as contas. Além de nós ali em casa, ainda sobrava o tio Inácio do Ministério, o primo Jerónimo que estava no Brasil, a prima Josefina que depois casou com o Clarimundo da Fonseca, devem estar lembrados, e mais alguns. A famíla, por esses tempos, era grande, graças a Deus.
Há quantos anos! Como o tempo passa!



Mário-Henrique Leiria


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sexta-feira, julho 20, 2007

Não tinhas
nome. Existias
como um eco
do silêncio. Eras
talvez
uma pergunta
do vento.



Albano Martins


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quinta-feira, julho 19, 2007

Lembrava-se dele e, por amor, ainda que pensasse
em serpente, diria apenas arabesco; e esconderia
na saia a mordedura quente, a ferida, a marca
de todos os enganos, faria quase tudo

por amor: daria o sono e o sangue, a casa e a alegria,
e guardaria calados os fantasmas do medo, que são
os donos das maiores verdades. Já de outra vez mentira

e por amor haveria de sentar-se à mesa dele
e negar que o amava, porque amá-lo era um engano
ainda maior do que mentir-lhe. E, por amor, punha-se

a desenhar o tempo como uma linha tonta, sempre
a cair da folha, a prolongar o desencontro.
E fazia estrelas, ainda que pensasse em cruzes;
arabescos, ainda que só se lembrasse de serpentes.


Maria do Rosário Pedreira


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terça-feira, julho 17, 2007

tradução caseira da lebre


Não o poema da tua ausência,
apenas um desenho, uma greta num muro
algo no vento, um sabor amargo.



Alejandra Pizarnik


beyond the sea

domingo, julho 15, 2007

Hesito muito antes da palavra.
porque um precipício se abre nela
e não tem sentido,vibra apenas.
porque pode ser a morte
ou o nascimento para um lugar
de cores e fadas e barcos de sol.
porque me doem as mãos
cada vez que tento segurar
o mundo em traços redondos quadrados.


por isso te digo:hesito e morro e nasço.
e corro para a rua com a força de quem
vai anunciar gritar chamar dizer
.
mas lá fora sorrio apenas
enquanto caminho para um banco
de jardim,devagarinho,
como se por um momento
eu soubesse o nome de tudo
e tudo tivesse o mesmo nome.


Vasco Gato


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sexta-feira, julho 13, 2007

Sexta-feira

Tranquila Sexta-feira
abandonada Sexta-feira
Sexta-feira cada vez mais triste como ruelas antigas
Sexta-feira de indolentes pensamentos indispostos
Sexta-feira de sinuosos e nefastos espreguiçamentos
Sexta-feira de nenhuma expectativa
Sexta-feira de rendição.

Casa vazia
casa solitária
casa trancada contra a investida da juventude
casa da escuridão e ânsias de sol
casa de solidão, augúrio e indecisão
casa de cortinas, livros, guarda-louça, fotografias.

Ah, como a minha vida fluiu silenciosa e serena
como uma corrente profunda
através do coração dessas silenciosas, abandonadas Sextas-feiras
através do coração dessas tristes casas vazias
ah, como a minha vida fluiu silenciosa e serena.


Forugh Farrokhzad


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alto e pára o baile

vá, tudo a comprar o livro dele

quinta-feira, julho 12, 2007

ups, chegou a silly season, mudei a cor do coiso !
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gostam?

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quarta-feira, julho 11, 2007

nunca percebi muito de vozes
mas se te ouço

mesmo quando é difícil entender
cada palavra

faço do corpo um espaço de silêncio



Maria Sousa


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terça-feira, julho 10, 2007

a melancolia pode às vezes ser isto,
um modo de sobreviver ao vazio, o comovido
jeito de por a mão sobre o mármore da mesa
e pedir outro martini fresco
se faz favor



Manuel de Freitas



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sábado, julho 07, 2007

estate
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quinta-feira, julho 05, 2007

canção perfeita para dias soalheiros 1


acordar ao som desta música é uma das minhas memórias de um verão perfeito
sim, sim este post é "imitação" dos posts kitsch do manuel

quarta-feira, julho 04, 2007

desejo é como remar os braços num
lençol vazio e assim mesmo sentir frio



João Luís Barreto Guimarães



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terça-feira, julho 03, 2007

tradução caseira da lebre


alguma vez
alguma vez talvez
me irei sem ficar
me irei como quem vai



Alejandra Pizarnik



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segunda-feira, julho 02, 2007

no ano passado começámos a envelhecer
usavas a ponta de um cigarro aceso para
desviar o olhar do espelho

era noite e o escuro fazia da pele uma metáfora

agora em troca de sono queimamos memórias

se tocasses com a mão na minha cara
terias o som do sono a passar pelas feridas

olha, não me faças mais perguntas
estes são os dias em que acordo cansada



Maria Sousa



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