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sexta-feira, dezembro 31, 2010

BONHANHO
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terça-feira, dezembro 28, 2010

Tenho uma dor de concha extraviada.
Uma dor de pedaços que não voltam.




Manoel de Barros



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segunda-feira, dezembro 27, 2010

A sombra tem sempre uma forma, a do corpo que a deita.





Francis Ponge



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sexta-feira, dezembro 24, 2010

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quinta-feira, dezembro 23, 2010

porque hoje faz todo o sentido ser para ti
(parabéns, minha gaija linda)

Roteiro para um paraíso privado

Deitar-se alguma vez nos sulcos
do sono da noite anterior,
reconhecendo como um felino doméstico
o cheiro das nossas mantas. Não
lavar os dentes e sobretudo esquecer
de baixar as persianas. Coleccionar
pontas sucessivas de cigarros, jornais
de muitos ontens e rimas
de livros lidos só três paginas. Não
endireitar a curva daquele candeeiro,
deixar as gavetas abertas
com colírios, comprimidos e roupas
à vista. Amontoar em cima da cómoda
brincos ímpares, perfumes sem tampa, pequenos espelhos
quebrados, alfinetes, cartas, rascunhos
e chávenas de chá servido há dias, deixar
calar-se o CD com os lieder de Schumann
afastando os sapatos de muitos caminhos
e a roupa de todas as horas



Inês Lourenço




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quarta-feira, dezembro 22, 2010

Se eu pudesse iluminar por dentro as palavras de todos os dias
(O soneto que só errado ficou certo)


Se eu pudesse iluminar por dentro as palavras de todos os dias
para te dizer, com a simplicidade do bater do coração,
que afinal ao pé de ti apenas sinto as mãos mais frias
e esta ternura dos olhos que se dão.

Nem asas, nem estrelas, nem flores sem chão
- mas o desejo de ser a noite que me guia
e baixinho ao bafo da tua respiração
contar-te todas as minhas covardias.

Ao pé de ti não me apetece ser herói
mas abrir-te mais o abismo que me dói
nos cardos deste sol de morte viva.

Ser como sou e ver-te como és:
dois bichos de suor com sombra aos pés.
Complicações de luas e saliva




José Gomes Ferreira




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sábado, dezembro 18, 2010

sexta-feira, dezembro 17, 2010

quando retiramos palavras da rua
dentro da janela fica a cidade

onde não fizemos senão esconder restos de vida

o ponto de fuga a esta paisagem
não passa de um cigarro aceso ao longe

a noite é assim o palco reservado
a um ensaio de coisas por nomear





maria sousa





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quarta-feira, dezembro 15, 2010

para os lugares que me faltam no interior do sono
tenho metáforas

ao falar do sabor que o vento deixa nos lábios
quando a voz tropeça nas sílabas

eu serei sempre a que abre as palavras na garganta




maria sousa




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sábado, dezembro 11, 2010

sexta-feira, dezembro 10, 2010

para não te perderes pensas
em deixar marcas pelo caminho
guiar-te pelo barulho dos carros

todos os dias fazes a mala
e improvisas mapas com o lápis

viagens para o muito longe

mas continuas sentada na sala
e os únicos caminhos são
rastos de migalhas e lágrimas

é à sua sombra que vais continuar
a usar o lápis vermelho

e as árvores lá fora são apenas
pontos sem nome marcados
a verde no mapa



maria sousa



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quarta-feira, dezembro 08, 2010

chegas de novo a casa
e guardas do tempo a fuga
marcas outra vez dias
para abrir feridas

como se viesse dos pássaros a acusação
de não saberes medir esquecimentos

respiras até à dor para não sentir mais nada




maria sousa




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segunda-feira, dezembro 06, 2010

por agora as palavras são
marcas que os dedos deixam na pele

quando já não há restos de voz na fala
no momento em que devagar escrevo
silêncio no corpo

como movimento imperfeito da respiração
aceito lágrimas




maria sousa




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sexta-feira, dezembro 03, 2010

amanhã vou afundar-me no outono
passar para além do reflexo do espelho
a palavra que se dissolve na respiração

onde está o coração? é como metáfora do
silêncio que ocupa o teu lugar

e eu estou no meio de um mapa de medos
a cruzar imagens para definir a estrutura da memória



maria sousa



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quarta-feira, dezembro 01, 2010

como sou incapaz de contar histórias fotografo corpos
muitas vezes como maneira de agarrar o vento
faço construções de quem conhece por dentro a monotonia
e para aumentar o grão
anoto o vermelho que trespassa o olhar vazio



maria sousa




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