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segunda-feira, maio 31, 2004

Bonsoir
Ton vehicule n'a pas l`air d`avoir de passager
Peux-tu: Veux tu me recevoir
Sans trop te deranger?
Mes bottes ne feront pas trop d`echos dans ton couloir
Pas de bruit avec mes adieux
Pas pour nous les moments perdus
En attendant un uncertain au-revoir
Parce que-j'ai la folie, oui c'est la folie
Il etait une fois un etudiant
Qui voulait fort, comme en literature
Sa copine, elle etait si douce
Qu'il pouvait presque, en la management
Rejeter tous les vices
Repousser tou les mals
Detruire toutes beautes
Qui par ailleurs, n'avait jamais ete ses complices
Parces qu'il avait la folie, oui, c'est la folie
Et si parfois l'on fait des confessions
A qui les raconter - meme le bon dieu nous a laisse tomber
Un autre endroit, une autre vie
Eh oui, c'est une autre histoire
Mais a qui tou raconter?
Chez les ombres de la nuit?
Au petit matin, au petit gris
Combien de crimes ont ete commis
Contre les mensonges et soi disant les lois du coeur
Combien sont la a cause de la folie
Parce qu'il ont la folie


Stranglers

sábado, maio 29, 2004

The Ambition Bird


So it has come to this
insomnia at 3:15 A.M.,
the clock tolling its engine

like a frog following
a sundial yet having an electric
seizure at the quarter hour.

The business of words keeps me awake.
I am drinking cocoa,
that warm brown mama.

I would like a simple life
yet all night I am laying
poems away in a long box.

It is my immortality box,
my lay-away plan,
my coffin.

All night dark wings
flopping in my heart.
Each an ambition bird.

The bird wants to be dropped
from a high place like Tallahatchie Bridge.

He wants to light a kitchen match
and immolate himself.

He wants to fly into the hand of Michelangelo
anc dome out painted on a ceiling.

He wants to pierce the hornet’s nest
and come out with a long godhead.

He wants to take bread and wine
and bring forth a man happily floating in the Caribbean.

He wants to be pressed out like a key
so he can unlock the Magi.

He wants to take leave among strangers
passing out bits of his heart like hors d’oeuvres.

He wants to die changing his clothes
and bolt for the sun like a diamond.

He wants, I want.
Dear God, wouldn’t it be
good enough to just drink cocoa?

I must get a new bird
and a new immortality box.
There is folly enough inside this one.

Anne Sexton


quinta-feira, maio 27, 2004

só vi o filme desta semana uma vez, mas sei que gostei imenso dele.





segunda-feira, maio 24, 2004

Não consigo parar de ouvir a "Come Back To Camden" do ultimo album do Morrissey. É perfeita


Come Back To Camden

There is something I wanted to tell you,
It's so funny you'll kill yourself laughing
But then I, I look around,
And I remember that I am alone, alone. For evermore


The tile yard all along the railings,
Up a discoloured dark brown staircase
Here you'll find, despair and I,
Calling to you with what's left of my heart, my heart, For evermore

Drinking tea with the taste of the Thames,
Sullenly on a chair on the pavement
Here you'll find, my thoughts and I,
And here is the very last plea from my heart
My heart. For evermore,

Where taxi drivers never stop talking
Under slate grey Victorian sky,
Here you will find, despair and I
And here I am every last inch of me is yours, yours. For evermore

Your leg came to rest against mine,
Then you lounged with knees up and apart
And me and my heart, we knew, We just knew. For evermore

Where taxi drivers never stop talking,
Under slate grey Victorian sky
Here you'll find, my heart and I,
And still we say come back, come back to Camden
And I'll be good, I'll be good, I'll be good, I’ll be good


Morrissey




sábado, maio 22, 2004

CREPUSCULAR

A incerteza cai com a tarde
no limite da praia. Um pássaro
apanhou-a, como se fosse
um peixe, e sobrevoa as dunas
levando-a no bico. O
seu desenho é nítido, sem
as sombras da dúvida ou
as manchas indecisas da
angústia. Termina com a
interrogação, os traços do fim,
o recorte branco de ondas
na maré baixa. Subo a estrofe
até apanhar esse pássaro:
com o verso, prendo-o à frase,
para que as suas asas deixem
de bater e o bico se abra. Então,
a incerteza cai-me na página, e
arrasta-se pelo poema, até
me escorrer pelos dedos para
dentro da própria alma.

Nuno Júdice



quinta-feira, maio 20, 2004

e este, e este?





Lhasa cá em Coimbra dia 8 de Julho no TAGV



ABRO LA VENTANA

Ahora me levanto
De esta cama
Ahora
Abro la ventana
Y entra la luz
Com el viento
Ahora te siento
Y estas tan lejos
De aquí

Si un dia te vas
Y ya no vuelves más
Si un día me voy
Y ya no vuelvo yo

Que largo es el mundo
Es infinito
Ayer te tuve
En mis brazos
Y hoy
Como un grano de arena
En algún suelo ajeno
Estas escondido de mí

Si un dia te vas
Y ya no vuelves más
Si un día me voy
Y ya no vuelvo yo

Que grán silencio
Todo en suspenso
Que vértigo de no verte
Retumbo
Como una campana
Abro la ventana
Y entras tú
Entras tú…


Lhasa de Sela


quarta-feira, maio 19, 2004

um post para o meu esgrimista preferido

Todos os Dias

A guerra já não se declara,
prossegue-se. O inaudito
tornou-se quotidiano. Os heróis
ficam longe dos combates. Os fracos
são transferidos para as zonas de fogo.
A farda do dia é a paciência,
a medalha a pobre estrela
da esperança sobre o coração.

Conferida
quando nada mais acontece,
quando o tiroteio emudece,
quando o inimigo se torna invisível
e a eterna sombra das armas
recobre o céu.

Conferida
por deserção da bandeira,
por coragem face ao amigo,
por denúncia dos segredos infames
e por desobediência
a todas as ordens.


Ingeborg Bachman

terça-feira, maio 18, 2004

Suspensos na saudade
(moldada a medo)

deslizam pelo silêncio espelhos
em tons monocromáticos

criam sonhos desconexos
em pontas dos pés

onde a morte das abelhas envelhece as sombras
e peixes vermelhos brilham na violência do vento

delírios electrificados onde a luz canta baixinho
e as imagens dançam em desordem

é difícil acordar no interior da noite
(pintada em tons de sonho)
quando a luz amadurece nos corpos adormecidos

mergulhando num abismo de abelhas e peixes
sonhos cambaleando pela dor da respiração
numa ressaca onde acordo e apago memorias

ouvindo ainda restos da tua voz
perfumando o silencio.

eue


Mero Acaso

1. Pegue no livro que tiver mais perto de si.
2. Abra-o na página 31.
3. Sublinhe a lápis a primeira frase completa que encontrar.
4. Publique-a no seu blog, juntamente com estas instruções.
[Faça-o nos comentários deste postalhito, se não possuir o seu próprio weblog].
No meu caso, o livro encontrado foi "Histórias de cronópios e famas" de Julio Cortázar. E a 1ª frase completa da 31ª página é esta: "O primeiro a ficar admirado foi o velhote Cresta que morava em frente e veio perguntar por que razão estávamos a montar semelhante plataforma."
Encontrei esta ideia aqui

segunda-feira, maio 17, 2004

Is There Any Way Out Of This Dream


I can see clearly nothing as clear
I keep falling apart ev'ry year
Let's take a hammer to it
There's no glamour in it
Is there any way out of this dream

I'm as blue as I can possibly be
Is there someone else out there for me
Summer is dragging it's feet
I feel so incomplete
Is there any way out of this dream

Tom Waits


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domingo, maio 16, 2004

Post dedicado a uma criançolas que mora em mim
(o menino de cabelo preto foi a minha primeira paixão televisiva)

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sábado, maio 15, 2004

do capítulo da devolução

Hoje venho dizer-te que morreste e que velo o teu corpo no meu
leito , um corpo estranho e surdo um corpo incompreensível

aquele desespero que deixou de ter forças para erguer os portais do
outro reino tristeza de menino a quem tiraram tudo , até
a tinta e as flores e o prazer de gritar

esse (foi visto) deve subsistir porque é a tua maneira de tomar banho
no cosmos , olhar o cosmos como os que ainda podem
interrogar as ondas e morrer

mas tu ainda não sabes a que ponto morreste; vais até à janela , aspiras
com cuidado o oxigénio que o espaço te oferece , apontas
rindo a meiga criatura que pela rua arrasta a sua condição
de animal fulminado

depois olhas para mim , olhas as tuas mãos , e elas ambas , tão claras ,
tão seguras , são as mãos de um soldado a arder em febre ,
aves a percorrer o seu novo deserto

mas sabes , tu viste , e mais do que eu; a mão do homem é doce e
iluminada como a noite como um rasto de fumo sobre
os hospitais

tivemos uma história mas a história foi-se , em fileiras angélicas e
gratas , a fazer a manhã de outras paragens; outra sombra ,
outros olhos semelhantes

noutro leito nas nuvens deito os teus cabelos , o teu cansaço e a
minha miséria , os teus braços e os meus , altos como
cidades , altos como flores

parou o automóvel , lá em baixo , e eu não tenho mais que descer as
escadas , fechar ainda a porta do teu quarto , atravessar de
um pulo a minha própria vida

agora posso sonhar até deixar de te ver

belo rio sem lágrimas


Mário Cesariny


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quarta-feira, maio 12, 2004

Para o João:)


O Filho do Ar

A mãe abre a sombrinha e diz: «Meu filho, avança.»
Um cigano veloz e livre como a dança,
agudo como o raio e como ele feroz,
vê, porém, lá ao longe, a criança que foge,
brincando distraída, sem que a sombrinha branca
a abrigue.
«Socorro», grita a mãe. A criança
perdeu-se, todavia, na névoa da distância.
Podes ameaçar, suplicar, nada serve:
o teu filho fugiu nos braços da quimera.
Ela já tem a voz cansada de chamar:
o filho cai no fundo dum tinteiro, a sonhar.
E noutro sonho julga que entrou, ao acordar:
está na casa onde vivem as crianças raptadas,
como a Ursa Maior, de estrelas construída,
sempre pronta a partir, sempre pronta a parar
- uma casa espantosa, sobre rodas erguida.
E a mãe não sossega, e a mãe já está rouca,
a mãe soluça e volta sempre atrás, como louca,
procurando o seu filho e sem o encontrar.
Desesperada, em vão ela chama a polícia:
o raio e os ladrões têm igual malícia;
a polícia, aliás, não tem um grande faro
e os meninos roubados sabem andar no ar.
Logo pela manhã, ousam a temerosa
travessia no arame, de maillot cor-de-rosa.
Para terem sucesso, quanta calma e perícia!
E a mãe está sentada, de luto, muito triste,
sentada, muito triste, encostada à janela.
É como se o menino não fosse filho dela:
eles surgem de súbito, os meninos raptados,
no campo dos ciganos, à volta da fogueira,
ninguém sabe daonde, onde foram roubados.
Têm direito a vinho, se se faz bom dinheiro.
Ele toca o tambor, ele voa. A mãe morre.
É vasto o mundo - e novo, nocturno, perturbante.
Ó mães, desconfiai das janelas, das portas,
dos feitiços daqueles que os filhos vos transportam
para casas que vão por montes e barrancos,
puxadas pela luz de dois cavalos brancos.

Jean Cocteau


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terça-feira, maio 11, 2004

Tudo no meu olhar é um grito
marca de um jogo de espelhos polido
pelas lágrimas.

Tenho-te no avesso das pálpebras

e quando o lado sombrio dos olhos
alcança ausências
por instantes, todas as coisas se anunciam
como noite.

As minhas palavras são feitas de ti


eue

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segunda-feira, maio 10, 2004

Eis que volta a minha Pizarnik

um olhar desde o esgoto
pode ser uma visão do mundo

a revolta consiste em olhar uma rosa
até pulverizar os olhos


Alejandra Pizarnik

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sábado, maio 08, 2004

Os dias amargos não falam
das palavras que pousam
nos meus lábios.

Prendem-se a olhares secos,
esculpem emoções onde o
corpo se rasga em silêncio

E como músculos promovidos
a respiração, descascam-nas
de sentido, e reclamam dos
olhos , as palavras esquecidas
pela voz.


eue


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sexta-feira, maio 07, 2004

A Cidade Invisível


De que me serviu ir correr mundo,
arrastar, de cidade em cidade, um amor
que pesava mais do que mil malas; mostrar
a mil homens o teu nome escrito em mil
alfabetos e uma estampa do teu rosto
que eu julgava feliz? De que me serviu

recusar esses mil homens, e os outros mil
que fizeram de tudo para parar-me, mil
vezes me penteando as pregas do vestido
cansado de viagens, ou dizendo o seu nome
tão bonito em mil línguas que eu nunca
entenderia? Porque era apenas atrás de ti

que eu corria o mundo, era com a tua voz
nos meus ouvidos que eu arrastava o fardo
do amor de cidade em cidade, o teu nome
nos meus lábios de cidade em cidade, o teu
rosto nos meus olhos durante toda a viagem,

mas tu partias sempre na véspera de eu chegar.


Maria do Rosário Pedreira

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quinta-feira, maio 06, 2004

hoje é dia do "quem se lembra deste filme?"
(é outro dos meus filmes preferidos)

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quarta-feira, maio 05, 2004

comprei um livro delicioso do Alexandre O'Neill, Coraçao Acordeão. è lindo lindo

Respondo de perfil
a quem de frente me imagina.

Alexandre O'Neill


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terça-feira, maio 04, 2004

releio muitas vezes estas palavras que o meu companheiro dos chás um dia me escreveu.


Bálsamo

para a Lebre dos Arrozais

As palavras podem ser sangue novo
Sussuradas ao ouvido em amor
Transfusão serena de vida
A um corpo pedindo carinho
À porta da sensação
Um copo de caminho vário
De sentar a alma entretecida de desejo
Junto à existência desejada do outro
União sangrenta de vida e poesia
Um cosmos corpóreo, rosado, vivo
Inundando a visão do horizonte
De palavras, bálsamos em verbo
Uma cascata corrida de sonho
À foz do quotidiano suave
Rico das riquezas do mundo
E das multidões cá dentro
De músicas e sons conhecidos
Como nomes chamando
E vozes, imagens em filmes
As palavras revelam amor
Nas veias possuídas de textos
Ilusões lavadas de fresco
Só restam como futuro bom
À impressão verdadeira das palavras

Quero dizer-te que há um outro caminho
Ao abraço do outro, um Outro.
Um caminho dos corações palpitantes
E dos idealismos inconfessáveis
Onde facas e alguidares
Se choram lamechas de toadas antigas
De frescos amores

Quero dizer-te - é isto que te quero dizer!
Que às palavras do mundo
Podes ver o mundo de outra forma
E uns olhos despertarão sobre as tuas palavras
Como as tuas palavras te despertam viva
E te fazem viva tão bem

Quero dizer-te - escuta, vou terminar baixinho
Que as palavras te guardam as veias e o olhar
Para que sintas e vejas um novo amor
No horizonte sereno do mundo habitado
Morando onde morou sempre
No sabor das palavras que deixas ser teu alimento


Chapeleiro Maluco


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domingo, maio 02, 2004

Valsa Quase Antidepressiva

dança comigo a primeira valsa da primavera:
dança sem sonhos, esquece as promessas, ninguém nos espera.
já enchi os dias de lutas vazias:
estou gasto, cansado e dormente.
E a um pouco de sexo ou muita poesia,
ainda não fico indiferente.

Fala comigo na palavra falsa da fantasia:
chovem amigos na festa da praça do meio dia.
é certo que as flores parecem maiores
que toda a virtude do mundo:
com um pouco de sexo ou muita poesia
ainda me sinto profundo.

se este mundo fosse feito para ser doce
eu seria doce fosse eu quem fosse.
foge comigo na última volta da maratona,
nada comigo num lago de metadona.
já deixei as asas na cave e as chaves no fundo do mar:
com um pouco de sexo ou muita poesia
ainda nos vamos casar.

JP Simões
(Exilio, Quinteto Tati)


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