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domingo, novembro 29, 2009

gostava de fotografar. fotografava domingos, mas sempre a preto e branco.




Nuno Abrantes




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sexta-feira, novembro 27, 2009

ALGUMAS PROPOSIÇÕES COM PÁSSAROS E ÁRVORES QUE O POETA REMATA COM UMA REFERÊNCIA AO CORAÇÃO

Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração




Ruy Belo




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quinta-feira, novembro 26, 2009

o futuro só é real sob a forma dos nossos medos e esperanças presentes, e o passado só é real meramente como recordação.
O passado é sempre um conjunto de recordações, de recordações muito precárias, porque nunca são verdadeiras.





Enrique Vila-Matas




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quarta-feira, novembro 25, 2009

Sentados no carro numa fila,
com o rádio ligado, gases de escape
e música, uma canção ele diz
que acha bonita, sobre
violinos em fogo e uma dança que continua
até ao fim do amor.
Não pela canção mas pelo que ele diz
ela não consegue olhá-lo.
Agora há no carro uma coisa a mais:
música e gases de escape e embaraço.
Embaraço porque a dança
até ao fim do amor dura tempo de mais,
entra demais no passado
e no futuro, a alma
salta-lhe do peito, de repente tão desamparada,
ela diz apenas: «Sentimental».
Sim, diz ele, sentimental.
Ela nunca saberá se ele sabe
como ela sentiu essa palavra.
Ele nunca saberá o que ela
entendeu, até que ponto,
ela nunca saberá que ele
entendeu que ela entendeu
o que o transiu de repente, só se
alguém, talvez um historiador,
reconstituir mais tarde exactamente o que sentiam
as pessoas com rádios a tocar nas filas.




Judith Herzberg




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terça-feira, novembro 24, 2009

tradução caseira da lebre




as coisas amareleciam em frente aos meus olhos
recém chegados de um sono de Outono




Alejandra Pizarnik




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sábado, novembro 21, 2009

sexta-feira, novembro 20, 2009

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quinta-feira, novembro 19, 2009

tradução caseira da lebre



Estes são os tempos que agora nos definem: tempo passado, naquele tempo, tempo futuro, ainda não. vivemos na pequena janela entre eles, o espaço em que apenas recentemente pensamos como parado, e que realmente não é mais pequena do que a janela de qualquer um.




Margaret Atwood




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quarta-feira, novembro 18, 2009

O sol declina-me no espírito, do meu mundo interior
vêm-me as sombras ocupando aos poucos o lugar da pele





Luís Miguel Nava




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terça-feira, novembro 17, 2009

Mudemos de casa; porque é preciso
arrumar as dores de outra maneira,
certificarmo-nos da existência do corpo
em novos lençóis, voltar a ter ilusões,
lugar propício para a curiosidade
de alguns que nos fazem acreditar
que a vida é um amplo anfiteatro
para as mãos.






jorge gomes miranda





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segunda-feira, novembro 16, 2009

Se tivesse carta, faria sentido comprar um automóvel; poderia, então, meter o sofrimento na mala e abandoná-lo num outeiro.





Miguel Martins




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sábado, novembro 14, 2009

sexta-feira, novembro 13, 2009

Pensar
é como tactear uma sombra
entrar de rastos
numa profusão de escuros





Ana Hatherly





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quinta-feira, novembro 12, 2009

tradução caseira da lebre


e se eu tentasse
dar-te outra coisa
algo fora de mim,
nao saberias
que o pior de qualquer um
pode ser,no fim,
um acidente de esperança




Anne Sexton





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quarta-feira, novembro 11, 2009

voltei