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segunda-feira, julho 31, 2006

pedimos desculpa por esta interrupção
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dentro de 15 dias retomaremos a nossa programação habitual

domingo, julho 30, 2006

Férias

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sexta-feira, julho 28, 2006

olhar é um modo de crescer em silêncio

Herberto Helder


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quinta-feira, julho 27, 2006

perto do fim ver-se-ão ao fundo luzes a atravessar a noite.
só isso.
deixar-te-ei onde as palavras são só tuas

agora,
agora pouso o cigarro e sinto-te extenuado à procura de pretextos para falar.
parece-te natural?
tudo me parece tão pouco e escondida entre instantes com a boca a saber a noite

(há restos de ti nas palavras que me povoam)

demoro os dedos na chávena de café, bebido como todos os dias
e escolho a cor das primeiras palavras a sorrir timidamente


Maria Sousa


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quarta-feira, julho 26, 2006

a grande Natália de Andrade canta o rouxinol

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sexta-feira, julho 21, 2006

Singing To The Birds

So what if your heroes changed their minds
And all you thought was right flew out the window
And all you based your life on wasn't real

So what if your hero sells its soul
And all your wildest dreams seem dull and dreary
And all your secret thoughts seem cheap and lonesome

What you going to do so all alone now

Singing to the birds
Singing to the birds
Singing to the birds
Singing

So what if your hero fades away
And all the things you thought were orange were gray now
Who is it who brings you some new colors

So what if your hero never was
What you going to do
So all alone there

Singing to the birds
Singing to the birds
Singing

It's partly sunny, it's partly rain, mostly curious
Or full of pain
You could learn to love yourself
Singing to the birds

And what if your hero never was
And all the time you wasted wasn't real
And all your wounds decided just to heal
And all your wildest dreams were full of color
And all your secret thoughts belonged to you
What you going to do so all alone here

Singing to the birds
Singing to the birds
Singing to the birds
Singing

It's partly sunny, partly rain, mostly curious or full of pain
You got to learn to count on someone
'Cause it's mostly pain
And it's kind of curious when it rains and
You could learn to love yourself
You could learn to love yourself
You could even learn to be yourself
Singing to the birds


Lisa Germano

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Se estou só, queres tu saber:
Pois bem, sim, estou só,
como o avião que voa só e horizontal,
fixado no feixe de rádio,
e atravessa as Montanhas Rochosas,
visando os corredores orlados de azul
de um qualquer aeroporto no oceano.

Se estou só, queres perguntar:
Bem, é claro, só
como uma mulher que atravessa de automóvel o país,
dia após dia, deixando atrás de si,
milha após milha,
cidadezinhas onde podia ter parado
e vivido e morrido em solidão.

Se estou só,
deve ser a solidão
de ser a primeira a despertar, de respirar
o primeiro sopro frio da manhã sobre a cidade,
de ser a única acordada
numa casa envolta em sono.

Se estou só,
é com o barco a remos bloqueado na margem pelo gelo
na derradeira luz vermelha do ano,
e que sabe o que é, que sabe não ser
gelo, nem lama, nem luz de Inverno,
mas madeira, dotada para arder.


Adrienne Rich


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quinta-feira, julho 20, 2006

mais uma tradução caseira da minha Pizarnik

Saltei de mim ao amanhecer.
Deixei o meu corpo junto à luz
e cantei a tristeza do que nasce.


Alejandra Pizarnik


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quarta-feira, julho 19, 2006

tradução caseira da lebre

O curso de um dia nunca é estável.
as horas experimentam com dor e prazer.
Na hora de dormir só conhecem vertigem.
Mas quanto dura um dia?
Tanto quanto o amor, dizem uns.
Mas o amor parte cedo,
antes que o amanhã e a morte comecem.
E quanto tempo dura o dia num dia?
Uns dizem para sempre.
Mas a começar quando?

No mesmo instante em que pela primeira vez
os olhos se arregalaram e não viram nada
num não tão tarde quando, pela última vez,
o tempo durou não mais que um dia,
um dia de adivinhas:
Por quanto tempo é permitido
chamar de tanto o que é tão pouco?


Laura Riding


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terça-feira, julho 18, 2006

As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar

ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada


Al Berto


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segunda-feira, julho 17, 2006

Mas tu nunca vinhas com a noite
E eu sentada com casaco de estrelas.

Quando batiam à porta
Era o meu próprio coração.

Agora pendurado em todas as ombreiras,
Também na tua porta;

Entre touros rosa-de-fogo a extinguir-se
No castanho da grinalda.

Tingi-te o céu cor de amora
Com o sangue do meu coraçção.

Mas tu nunca vinhas com a noite
E eu de pé com sapatos dourados.

Else Lasker-Schuler


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sexta-feira, julho 14, 2006

(a lebre em modo sequim de ouro)

Ho visto um rospo

Ho visto un rospo Un grosso rospo Col muso smorto E un occhio storto.

Hai visto un rospo Tradizionale O un animale Un po' speciale?

Ho visto un rospo Un grosso rospo Cha canta e balla E gioca a palla!

Allora è un rospo Pazzerellone È un matacchione Di professione!

Ho visto un rospo Un grosso rospo Che si è mangiato Un carro armato!

Bevendo vino In un baleno Ha fatto il pieno Di un autotreno...

Ho visto un rospo Che ha preso fiato Poi si è gonfiato Ed è volato!

A questo punto Si ha il sospetto Che il rospetto Sia un maghetto!

Eu vi um sapo Com guardanapo Estava a papar Um bom jantar.

Tu viste um sapo Com guardanapo E o que comia? E o que fazia?

E vi um sapo A encher o papo Tudo comeu Nem ofereceu


Tu viste um sapo A encher o papo E o bicharoco Nào te deu troco.

Ho visto un rospo Un grosso rospo Che si è mangiato Un carro armato!

Bevendo vino In un baleno Ha fatto il pieno Di un autotreno...

Ho visto un rospo Che ha preso fiato Poi si è gonfiato Ed è volato!

A questo punto Si ha il sospetto Che il rospetto Sia un maghetto!

Non è un maghetto né un diavoletto né un'invenzione della canzone


ma ho capito e ve lo dico che è un amico di mio papà!



quinta-feira, julho 13, 2006

As cordas esticadas dos peixes que violinam a água.



Penso: o mundo é húmido. Não sei
o que quer dizer.





é qualquer coisa
como não saber nada.


É ser puro, existir ao cimo.
Atravessar tudo na noite despenhada

Na despenhada palavra atravessar a estrutura da água


Penso que é o ar, as vozes quase inexistentes no ar,
o que acompanha o amor.
Acompanha o amor algum peixe subtil.



Herberto Helder


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a lebre descobre a lhasa no tubo

Con toda palabra

Con toda palabra
Con toda sonrisa
Con toda mirada
Con toda caricia


Me acerco al agua
Bebiendo tu beso
La luz de tu cara
La luz de tu cuerpo

Es ruego el quererte
Es canto de mudo
Mirada de ciego
Secreto desnudo

Me entrego a tus brazos
Con miedo y con calma
Y un ruego en la boca
Y un ruego en el alma

Con toda palabra
Con toda sonrisa
Con toda mirada
Con toda caricia

Me acerco al fuego
Que todo lo quema
La luz de tu cara
La luz de tu cuerpo

Es ruego el quererte
Es canto de mudo
Miranda de ciego
Secreto desnudo

Me entrego a tus brazos
Con miedo y con calma
Y un ruego en la boca
Y un ruego en el alma


Lhasa de Sela



quarta-feira, julho 12, 2006

Anda desde manhã uma palavra
a perseguir-me, a espreitar-me de longe
em atitude nítida de pose,
em clara posição de desafio.

Sugere-se ligeira e disfarçada,
depois foge como uma Mata-Hari
lexical. Não sei o que em mim vê:
não tenho alta patente nem estatuto.

E contudo ela anda por aí.
Sonora e inaudível, surge-me
do silêncio e dos ruídos longos,
brevíssima nos cantos -e perigosa.

Lá passou outra vez. E anda nisto
desde que me vesti e vi o sol.
Nada a faz desistir: nem a tarde
a cair, nem a minha ameaça de fuzis.

Ana Luísa Amaral


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terça-feira, julho 11, 2006

quando na hora é verão
no caminho onde as mulheres esperam
(arrefecida a pele da fome de ter)
há uma viagem que espera o amanhã

de que cor será o dia quando
fechares as janelas da casa?

com histórias na mão dizer viajar
é uma forma de ensaiar regressos

a fala como ponto de fuga
quando ainda não se sabe a cor dos pássaros


Maria Sousa


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segunda-feira, julho 10, 2006

a jukebox da lebre (canção perfeita versão 1.8)

Lost Cause

Your sorry eyes; they cut through bone
They make it hard to leave you alone
Leave you here wearing your wounds
Waving your guns at somebody new

Baby you're lost
Baby you're lost
Baby you're a lost cause

There's too many people you used to know
They see you coming they see you go
They know your secrets and you know theirs
This town is crazy; nobody cares

Baby you're lost
Baby you're lost
Baby you're a lost cause

I'm tired of fighting
I'm tired of fighting
Fighting for a lost cause

There's a place where you are going
You ain't never been before
No one left to watch your back now
No one standing at your door
That's what you thought love was for

Baby you're lost
Baby you're lost
Baby you're a lost cause

I'm tired of fighting
I'm tired of fighting


Beck


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domingo, julho 09, 2006

I

frases que leio, rasuro e rasgo
tentativas que ninguém entende

não me atrevo a parar
escrevo palavras-queda onde ninguém é neutro

apetece-te ler vazios?

II

frases feitas que não me salvam
devo falar?

é de flores secas que se fazem ausências
tropeçam dum céu aos pedaços
sobre um bolso de papoilas onde os
pássaros fazem ninho

há tanto de sono no cheiro daquela manta


Maria Sousa


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sexta-feira, julho 07, 2006

Sempre me dei ares de rapariga muito solta. Mas, para falar verdade, estive a fazer as contas no outro dia, e só tive onze amantes. Sem contar com o que aconteceu antes de eu ter treze anos porque, a bem dizer, essa parte não conta. Onze. Isso faz de mim uma puta? Olha para a Mag Wildwood. Ou a Honey Tucker. Ou a Rose Ellen Ward. Elas já fizeram truca-truca tantas vezes que podiam formar uma banda de percussão. É claro que eu não tenho nada contra as putas. A não ser uma coisa: algumas podem ser verdadeiras mas têm corações falsos. Quer dizer, não se pode foder o tipo e descontar os cheques dele sem pelo menos tentarmos acreditar que o amamos. Eu cá tentei sempre.



Além disso, deitei fora todos os meus horóscopos. Devo ter gasto um dólar em todas as estrelinhas do raio do planetário. É uma chatice mas a verdade é que as coisas boas só nos acontecem se formos bons. Bons? É mais se formos honestos, não uma honestidade de cumprir a lei... -eu cá era capaz de profanar uma campa e de roubar os dois olhos de um morto se achasse que isso me dava gozo por um dia -mas uma honestidade para connosco. Tudo menos ser-se cobarde, fingido, um bandido emocional, uma puta: preferia ter cancro a um coração falso. O que não tem nada de beato, é uma questão muito prática. O cancro pode matar, mas a alternativa de certeza que mata. Oh, que se lixe, passa-me a guitarra que eu canto-te um fado num português impecável.


Truman Capote


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quinta-feira, julho 06, 2006

inventário de lugares propícios ao amor


São poucos.
A primavera tem muito prestígio, mas
é melhor o verão.
E também essas frestas que o outono
forma quando interfere com os domingos
em algumas cidades
já de si amarelas como bananas.
O inverno elimina muitos sítios:
gonzos de portas orientadas a norte,
margens de rios,
bancos de jardins.
Os contrafortes exteriores
das velhas igrejas
deixam às vezes vãos
a utilizar, ainda que a neve caia.
mas desenganemo-nos: as baixas
temperaturas e os ventos húmidos
dificultam tudo.
As leis, além do mais, proíbem
as carícias (à excepção
de determinadas zonas epidérmicas
sem qualquer interesse -
em crianças, cães e outros animais)
e "não tocar, perigo de ignomínia"
pode ler-se em milhares de olhares.
Para onde fugir, então?
Por todo o lado olhos de viés,
córneas torturadas,
implacáveis pupilas,
retinas reticentes,
vigiam, desconfiam, ameaçam.
Resta talvez o recurso de andar sozinho,
de esvaziar a alma de ternura
e enchê-la de fastio e indiferença,
neste tempo hostil, propício ao ódio.


Ángel González

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quarta-feira, julho 05, 2006

Um congresso em Montesinho

depois de três dias de
comunicações e mesas redondas sobre
a conservação do lobo
o capuchinho vermelho pediu a
palavra e disse
tudo muito certo
mas como é que eu levo
o lanche
à minha avó?


José Carlos Barros


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terça-feira, julho 04, 2006

I am sailing, I am sailing

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domingo, julho 02, 2006

Comprei um vestido novo, um vestido de interior, próprio de casa, longo, para uma hora de uma certa tarde, para algumas noites no meu apartamento, sei para quem, agrada-me porque é comprido e leve, e alem disso explica que vou ficar muito tempo em casa, a partir de hoje. Para o provar, não queria que Ivan estivesse aqui, Malina muito menos; por ele não estar, posso olhar-me à vontade no espelho, dou voltas e mais voltas diante do enorme espelho do corredor, a mil léguas, a uma distância abissal, astronómica dos homens. Por uma hora, posso viver fora do tempo e do espaço, verdadeiramente contente, transportada a uma lenda onde o perfume de um sabonete, o ardor duma água-de-colónia, o frufru de roupa interior, o gesto da mão mergulhando borlas na caixa do pó, ou retocando meditativamente uma sobrancelha, são a única realidade. É uma obra que se vai realizando, uma mulher que se cria para um vestido. No mais profundo segredo se esboça de novo o que é uma mulher, pensa-se no começo do mundo, num halo que não dá luz para ninguém. É preciso escovar vinte vezes os cabelos, untarem-se os pés de unhas envernizadas, é preciso depilar pernas e axilas, abrir e fechar o chuveiro, uma nuvem de pó inunda a casa de banho, olha-se no espelho, ainda é domingo, consulta-se o espelho, na parede, talvez já seja domingo.


Ingeborg Bachmann


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