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sexta-feira, fevereiro 29, 2008

tradução caseira da lebre

Assaltam-nos à traição os antigos instantes
que a fotografia deteve nos seus cartões
perto de um tempo que já nos fere com as
suas mãos




María Victoria Atencia



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quinta-feira, fevereiro 28, 2008

No murmúrio apagado
desta noite,
no balançar cansado
de serões preenchidos,
acompanhados,
invoco o estado puro de solidão.
E desejo a sala vazia,
o quarto silencioso,
o acenar mudo
de fantasmas inventados...
Porque é no respirar só
que as palavras se levantam;
Porque é no adormecer só
que os sonhos fluem;
E porque amar
é amar só.



Filipa Leal


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quarta-feira, fevereiro 27, 2008

words don't come easy to me

a m'nina sem-se-ver passou-me a corrente bonita das 12 palavras que mais gosto, ora aqui vai desta

gargalhada
papoila
caramelo
bola de berlim
soalheiro
noite
café
beldroegas
tequila
sussurro
violeta
pássaro


passo esta corrente à menina ana... à menina franksy e à menina couve-flor

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terça-feira, fevereiro 26, 2008

Já não te amo como no primeiro dia. Já não te amo.

No entanto continuam em volta dos teus olhos, sempre, estas imensidades que rodeiam o olhar e esta existência que te anima no sono.

Continua também esta exaltação que me vem por não saber o que fazer disto, deste conhecimento que tenho dos teus olhos, das imensidades que os teus olhos exploram, por não saber o que escrever sobre isso, o que dizer, e o que mostrar da sua insignificância original. Disso, sei apenas o seguinte: que já não posso fazer nada a não ser suportar esta exaltação a propósito de alguém que estava ali, de alguém que não sabia que vivia e de quem eu não sabia que vivia, de alguém que não sabia viver dizia-te eu, e de mim que o sabia e que não sabia que fazer disso, desse conhecimento da vida que ele vivia, e que também não sabia que fazer de mim.

Dizem que o tempo do pleno verão já se anuncia, é possível. Não sei. Que as rosas já ali estão, no fundo do parque. Que às vezes não são vistas por ninguém durante o tempo da sua vida e que ficam assim ali no seu perfume esquartejadas durante alguns dias e que depois se deixam cair. Nunca vistas por esta mulher solitária que esquece. Nunca vistas por mim, morrem.

Estou num amor entre viver e morrer. É através desta ausência do teu sentimento que reencontro a tua qualidade, essa, precisamente, de me agradares. Penso que apenas me interessa que a vida não te deixe, outra coisa não, o desenvolvimento da tua vida deixa-me indiferente, não pode ensinar-me nada sobre ti, só pode tornar-me a morte mais próxima, mais admissível, sim, desejável. É assim que permaneces face a mim, na doçura, numa provocação constante, inocente, impenetrável.


E tu não sabes.



Marguerite Duras


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segunda-feira, fevereiro 25, 2008

PSSST! abri um café aqui ao lado
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sábado, fevereiro 23, 2008

Epitaph for My Heart

"Caution: To prevent electric shock, do not remove cover. No user-serviceable parts inside. Refer servicing to qualified service personnel."

Let this be the epitaph for my heart. Cupid put too much poison in the dart. This is the epitaph for my heart because it's gone, gone, gone; and life goes on and on and on; and death goes on. World without end, and you're not my friend. Who will mourn the passing of my heart? Will its little droppings climb the pop chart? Who'll take its ashes and, singing, fling them from the top of the Brill Building? And life goes on, and dawn, and dawn; and death goes on. World without end, and you're not my friend.


The magnetic fields



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sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Hoje eu dei-te o meu dia, na esplanada afrontando o olhar dos outros
por motivos tão escassos. É a primeira oportunidade para
uma nova estação, a natureza conspira no cimento
à nossa volta. Mas eu acredito que toda a mudança venha apenas
pelo fim de qualquer coisa e tu estás imóvel nessa cadeira,
parece que nunca tiveste um princípio.

Onde estão agora as tuas razões, o que fizeste
com a tua juventude? Não esperes que os pássaros te castiguem
por perderes o dia e sufocares de noite. Eu não te posso salvar
da tua angústia, baralhei os sinais por baixo de cada nome
e escolhi as ruas à sorte. E tu não me podes obrigar a pensar
de outra maneira, pobre de ti com as mãos encolhidas
sobre o tampo da mesa. Nos dias de sol a tua sombra
seria cruel para mim. E como eu te mentiria.



Rui Pires Cabral



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quarta-feira, fevereiro 20, 2008

A lebre está de trombas

não percebe porque é que há quem insista em roubar-lhe posts e agora poemas

terça-feira, fevereiro 19, 2008

traduçao caseira da lebre


Veste uma camisa limpa antes de morrer, disseram alguns russos.
Por favor, nada com baba, nódoas de ovo, sangue
suor , esperma.
Queres-me limpa, Deus,
por isso vou tentar obedecer.

O chapéu com que me casei,
servirá?
Branco, largo com um pequeno bouquet de flores falsas.
É antiquado, com tanto estilo como um percevejo,
mas fica bem morrer em algo nostálgico.


E vou levar
a minha bata de pintar
lavada vezes sem conta, claro
manchada com cada cozinha amarela que pintei.
Deus, não te importas que eu leve todas as minhas cozinhas?
Elas contêm o riso da família e a sopa.


Como soutien
(precisamos de o mencionar?)
O preto acolchoado que irritava o meu amante
quando eu o despia.
Dizia “para onde foi tudo?”

E levarei
a saia de grávida do meu nono mês
uma janela para a barriga do amor
que deixou cada bebé sair como uma maçã,
as aguas a rebentar no restaurante,
fazendo uma casa barulhenta onde eu gostaria de morrer.

Como roupa interior escolherei algodão branco,
as cuecas da minha infância,
pois era uma máxima da minha mãe
que as meninas boas apenas usavam algodão branco.
Se a minha mãe tivesse vivido para o ver
teria posto um cartaz de “Procura-se” nos correios
para as pretas, vermelhas, azuis que eu usei.
No entanto, seria perfeitamente agradável para mim
morrer como uma boa menina
a cheirar a Clorox e a Duz.
Tendo dezasseis-anos-nas-cuecas
morreria cheia de perguntas.



Anne Sexton



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domingo, fevereiro 17, 2008

People are strange
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sábado, fevereiro 16, 2008

Indie songs don't lie (indie folk - hoje no TAGV)

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sexta-feira, fevereiro 15, 2008

tradução caseira da lebre


Quase não te lembras
do rasto do seu corpo
e no entanto pesam-te
as suas palavras
como o eco duma avalanche
que se aproxima.

Não existes, não és nada,
não imagines amor
onde apenas há sombras.

És a estrada secundária
o desvio de um dia sem pressas
para alguém que brinca
a mudar de destino
mas leva uma bússola
e volta sempre a casa.


Ana Merino


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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

a forma como as papoilas se incluem no silêncio
não é mais do que o som incompleto da pele

porque não te sinto regresso (todos os dias)
ao vestido que guardei para dias de frio




Maria Sousa



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terça-feira, fevereiro 12, 2008

Our skin is like temporary photographic paper,recording on our bodies the daily decisions that we make.


Mr Toledano

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sábado, fevereiro 09, 2008

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Nascemos para o sono,
nascemos para o sonho.
Não foi para viver que viemos sobre a terra.
Breve apenas seremos erva que reverdece:
verdes os corações e as pétalas estendidas.
Porque o corpo é uma flor muito fresca e mortal.




Herberto Helder (Poesia Mexicana do Ciclo Nauatle)



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segunda-feira, fevereiro 04, 2008

entrudemos
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domingo, fevereiro 03, 2008

Não sei o que te diga.(...)

Já nao sei inventar os Domingos.
Pode-se inventar tudo menos os Domingos.


Rosa Alice Branco


Photobucket - Video and Image Hosting

sábado, fevereiro 02, 2008

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sexta-feira, fevereiro 01, 2008

nos dias tristes não se fala de aves
liga-se aos amigos e eles não estão
e depois pede-se lume na rua
como quem pede um coração
novinho em folha.

nos dias tristes é inverno
e anda-se ao frio de cigarro na mão
a queimar o vento
e diz-se bom dia!
às pessoas que passam
depois de já terem passado
e de não termos reparado nisso

nos dias tristes fala-se sozinho
e há sempre uma ave que pousa
no cimo das coisas
em vez de nos pousar no coração
e não fala connosco.


filipa leal



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