Let me raise a toast to the loveliest man in the world. (VG)
quinta-feira, março 31, 2005
Mais uma tradução da Anne Sexton, em modo “caseiro” e dedicada ao dia de ontem
A noite estrelada
Isso nao me evita de ter uma terrível necessidade de - devo dizer a palavra - religião Depois eu saio de noite para pintar estrelas – Vincent Van Gogh numa carta para o seu irmão
A vila não existe
excepto onde uma árvore de cabelo preto desliza
para cima como uma mulher afogada no céu quente.
A vila está silenciosa. A noite ferve com onze estrelas.
Ó noite estrelada! É assim que
eu quero morrer.
Move-se. Estão todos vivos.
Mesmo a lua que se enche nos seus ferros cor-de-laranja
para empurrar crianças, como um deus, do seu olho.
A velha serpente invisível engole as estrelas
Ó noite estrelada! É assim
que eu quero morrer.
Dentro da besta apressada da noite,
sugada por aquele grande dragão, separar-me
da minha vida sem bandeira
sem barriga,
sem grito.
Anne Sexton
quarta-feira, março 30, 2005
Parabéns Ju
Se eu pegasse num pequeno barco esguio
atado ao cais e esta noite
te oferecesse um peixe de alto mar
ou se pusesse óculos de aviador e asas
e descesse entre as folhas do sicómoro até ao jardim
ou se, iridiscente pela força dos planetas,
pousasse uma perna de flamingo na janela do teu laboratório
ficarias surpreendido? ou insistirias em que
tem de haver um modelo para todas as transfigurações?
Ouve, terei de segredar
ao teu próprio coração: todos somos
sobrenaturais
e em cada dia
erguemo-nos como novos seres
imprevisíveis
Elaine Feinstein
Se eu pegasse num pequeno barco esguio
atado ao cais e esta noite
te oferecesse um peixe de alto mar
ou se pusesse óculos de aviador e asas
e descesse entre as folhas do sicómoro até ao jardim
ou se, iridiscente pela força dos planetas,
pousasse uma perna de flamingo na janela do teu laboratório
ficarias surpreendido? ou insistirias em que
tem de haver um modelo para todas as transfigurações?
Ouve, terei de segredar
ao teu próprio coração: todos somos
sobrenaturais
e em cada dia
erguemo-nos como novos seres
imprevisíveis
Elaine Feinstein
terça-feira, março 29, 2005
BESTIÁRIO MÍNIMO
I. corvos
Vírgulas suspensas
entre ciprestes.
II. grilos
Já se calaram há muito
mas o seu canto ficou a pairar
sobre a seara, dentro da cabeça.
III. salmões
O rio original, espécie de útero,
chama por eles. E eles voltam.
IV. rãs
Vivem na margem do lago,
à espera de uma fábula ou
de um verso japonês.
José Mário Silva
I. corvos
Vírgulas suspensas
entre ciprestes.
II. grilos
Já se calaram há muito
mas o seu canto ficou a pairar
sobre a seara, dentro da cabeça.
III. salmões
O rio original, espécie de útero,
chama por eles. E eles voltam.
IV. rãs
Vivem na margem do lago,
à espera de uma fábula ou
de um verso japonês.
José Mário Silva
segunda-feira, março 28, 2005
para o chapeleiro maluco
muitos parabéns
Twinkle twinkle little bat
How I wonder what you're at
Up above the world so high
Like a tea tray in the sky
Twinkle twinkle little bat
How I wonder what you're at
Lewis Carroll
muitos parabéns
Twinkle twinkle little bat
How I wonder what you're at
Up above the world so high
Like a tea tray in the sky
Twinkle twinkle little bat
How I wonder what you're at
Lewis Carroll
sexta-feira, março 25, 2005
apa lepebrepre vaipai despescampamsarpar, volpoltapa nopo dopominpingopo
Bopoapa Paspascopoapa
lepevopo doispois lipivriprinhospos maparapavipilhapa paparapa mepe enpentrepreterprer
Bopoapa Paspascopoapa
lepevopo doispois lipivriprinhospos maparapavipilhapa paparapa mepe enpentrepreterprer
quinta-feira, março 24, 2005
a rapariga que escreve vê o homem que fala
fecha os olhos e brinca com as manchas de luz
traça histórias de papel indiferentes ao tempo
ritualiza gestos em palavras e responde com
perguntas onde os pássaros se encostam
nos olhos fica o silêncio do outro corpo
afinal bastava rasgar os dias dos rostos
e usar a voz como um percurso
as palavras estão sempre entre
o som e a noite
eue
quarta-feira, março 23, 2005
As palavras assemelham-se por vezes a cortinas de janelas - uma divisória decorativa destinada a manter os vizinhos à distancia.
Margaret Atwood
terça-feira, março 22, 2005
RUN RUN RUN
a lebre em modo deslumbre
FEET
My feet go running.
I think they sing
A song to themselves,
A crazy thing of
"Run, run, run,
And keep to the track.
But don't look forward
And never look back!"
I ask my feet
"How do you know
That the way you are taking
Is the best to go?"
But a foot can't answer.
Each in it's shoe
Goes running onward.
I go too.
Frances Farmer
a lebre em modo deslumbre
FEET
My feet go running.
I think they sing
A song to themselves,
A crazy thing of
"Run, run, run,
And keep to the track.
But don't look forward
And never look back!"
I ask my feet
"How do you know
That the way you are taking
Is the best to go?"
But a foot can't answer.
Each in it's shoe
Goes running onward.
I go too.
Frances Farmer
Um dia o céu
veio pelo molhe até aos meus pés
e verde era o teu cabelo
como então ali
à noite o mar.
Uma vez era uma vez
a história
construía-se na areia
para sempre
com levíssimos
pés de mármore.
Cruzeiro Seixas
segunda-feira, março 21, 2005
Watch Her Disappear
Last night I dreamed that I was dreaming of you...
And from a window across the lawn I watched you undress
Wearing a sunset of purple tightly woven around your hair
That rose in strangled ebony curls
moving in a yellow bedroom light.
The air is wet with sound.
The faraway yelping of a wounded dog.
And the ground is drinking a slow faucet leak.
Your house is so soft and fading
as it soaks the black summer heat.
A light goes on and the door opens.
And a yellow cat runs out on the stream of hall light
and into the yard.
A wooden cherry scent is faintly breathing the air.
I hear your champagne laugh.
You wear two lavender orchids,
one in your hair and one on your hip.
A string of yellow carnival lights
comes on with the dusk,
Circling the lake with a slowly dipping halo
and I hear a banjo tango.
And you dance into the shadow of a black poplar tree
And I watched you as you disappeared.
I watched you as you disappeared.
I watched you as you disappeared.
I watched you as you disappeared.
Tom Waits
Last night I dreamed that I was dreaming of you...
And from a window across the lawn I watched you undress
Wearing a sunset of purple tightly woven around your hair
That rose in strangled ebony curls
moving in a yellow bedroom light.
The air is wet with sound.
The faraway yelping of a wounded dog.
And the ground is drinking a slow faucet leak.
Your house is so soft and fading
as it soaks the black summer heat.
A light goes on and the door opens.
And a yellow cat runs out on the stream of hall light
and into the yard.
A wooden cherry scent is faintly breathing the air.
I hear your champagne laugh.
You wear two lavender orchids,
one in your hair and one on your hip.
A string of yellow carnival lights
comes on with the dusk,
Circling the lake with a slowly dipping halo
and I hear a banjo tango.
And you dance into the shadow of a black poplar tree
And I watched you as you disappeared.
I watched you as you disappeared.
I watched you as you disappeared.
I watched you as you disappeared.
Tom Waits
sábado, março 19, 2005
Innocent When You Dream
The bats are in the belfry
The dew is on the moor
Where are the arms that held me
And pledged her love before
And pledged her love before
It’s such a sad old feeling
The hills are soft and green
It’s memories that I’m stealing
But you’re innocent when you dream, when you dream
You’re innocent when you dream, when you dream
You’re innocent when you dream
I made a golden promise
That we would never part
I gave my love a locket
And then I broke her heart
And then I broke her heart
And it’s such a sad old feeling
The fields are soft and green
It’s memories that I’m stealing
But you’re innocent when you dream, when you dream
You’re innocent when you dream
Innocent when you dream
Running through the graveyard
We laughed my friends and I
We swore we’d be together
Until the day we died
Until the day we died
And it’s such a sad old feeling
The fields are soft and green
It’s memories that I’m stealing
But you’re innocent when you dream, when you dream
You’re innocent when you dream, when you dream
Tom Waits
The bats are in the belfry
The dew is on the moor
Where are the arms that held me
And pledged her love before
And pledged her love before
It’s such a sad old feeling
The hills are soft and green
It’s memories that I’m stealing
But you’re innocent when you dream, when you dream
You’re innocent when you dream, when you dream
You’re innocent when you dream
I made a golden promise
That we would never part
I gave my love a locket
And then I broke her heart
And then I broke her heart
And it’s such a sad old feeling
The fields are soft and green
It’s memories that I’m stealing
But you’re innocent when you dream, when you dream
You’re innocent when you dream
Innocent when you dream
Running through the graveyard
We laughed my friends and I
We swore we’d be together
Until the day we died
Until the day we died
And it’s such a sad old feeling
The fields are soft and green
It’s memories that I’m stealing
But you’re innocent when you dream, when you dream
You’re innocent when you dream, when you dream
Tom Waits
sexta-feira, março 18, 2005
E porque este poema tanto dá para o excelente concerto do Robert Belfour que vi esta noite como para o tio tom, aqui fica a repetição
Os blues
Os blues servem
Os blues servem para cantar as noites solitárias
Os blues servem para cantar as minhas noites solitárias
Os blues
Os blues não são nada
Os blues não são nada mais que um canto
Os blues não são nada mais que um canto para gritar nas minhas noites solitárias
Os blues são uma estrela que brilha todas as noites para não se apagar depois até que volte a noite
Os blues são uma estrela que brilha
Os blues são uma estrela
Os blues sao
Os blues
Os blues são uma oração que cantam os negros e alguns brancos
para pedir que a noite não seja tão negra
Os blues são uma oração que cantam os negros e alguns brancos para pedir
Os blues são uma oração que cantam os homens
Os blues são uma oração
Os blues são
Os blues
JOAQUIM HORTA I MASSANÉS
Tradução caseira da lebre
Os blues
Os blues servem
Os blues servem para cantar as noites solitárias
Os blues servem para cantar as minhas noites solitárias
Os blues
Os blues não são nada
Os blues não são nada mais que um canto
Os blues não são nada mais que um canto para gritar nas minhas noites solitárias
Os blues são uma estrela que brilha todas as noites para não se apagar depois até que volte a noite
Os blues são uma estrela que brilha
Os blues são uma estrela
Os blues sao
Os blues
Os blues são uma oração que cantam os negros e alguns brancos
para pedir que a noite não seja tão negra
Os blues são uma oração que cantam os negros e alguns brancos para pedir
Os blues são uma oração que cantam os homens
Os blues são uma oração
Os blues são
Os blues
JOAQUIM HORTA I MASSANÉS
Tradução caseira da lebre
quarta-feira, março 16, 2005
hoje o blog tem música linda, o tio Tom com o grande Marc Ribot
Hoist That Rag
Well I learned the trade
From Piggy Knowles
Sing Sing Tommy Shay Boys
God used me as hammer boys
To beat his weary drum today
Hoist that rag
Hoist that rag
The sun is up the world is flat
Damn good address for a rat
The smell of blood
The Drone of flies
You know what to do if
The baby cries
Hoist that rag
Hoist that rag
Well we stick our fingers in
The ground, heave and
Turn the world around
Smoke is blacking out the sun
At night I pray and clean my gun
The cracked bell rings as
The ghost bird sings and the gods
Go beggin here
So just open fire
As you hit the shore
All is fair in love
And war
Hoist that rag
Hoist that rag
Hoist that rag
Hoist that rag
Tom Waits
Hoist That Rag
Well I learned the trade
From Piggy Knowles
Sing Sing Tommy Shay Boys
God used me as hammer boys
To beat his weary drum today
Hoist that rag
Hoist that rag
The sun is up the world is flat
Damn good address for a rat
The smell of blood
The Drone of flies
You know what to do if
The baby cries
Hoist that rag
Hoist that rag
Well we stick our fingers in
The ground, heave and
Turn the world around
Smoke is blacking out the sun
At night I pray and clean my gun
The cracked bell rings as
The ghost bird sings and the gods
Go beggin here
So just open fire
As you hit the shore
All is fair in love
And war
Hoist that rag
Hoist that rag
Hoist that rag
Hoist that rag
Tom Waits
terça-feira, março 15, 2005
Broken Bicycles
Broken bicycles,
Old busted chains,
With busted handle bars
Out in the rain.
Somebody must
Have an orphanage for
All these things that nobody
Wants any more
September's reminding July
It's time to be saying good-bye.
Summer is gone,
Our love will remain.
Like old broken bicycles
Out in the rain.
Broken Bicycles,
Don't tell my folks;
There's all those playing cards
Pinned to the spokes,
Laid down like skeletons
out on the lawn.
The wheels won't turn
When the other has gone.
The seasons can turn on a dime,
Somehow I forget every time;
For all the things that you've given me
Will always stay
Broken, but I'll never throw them away
Tom Waits
Broken bicycles,
Old busted chains,
With busted handle bars
Out in the rain.
Somebody must
Have an orphanage for
All these things that nobody
Wants any more
September's reminding July
It's time to be saying good-bye.
Summer is gone,
Our love will remain.
Like old broken bicycles
Out in the rain.
Broken Bicycles,
Don't tell my folks;
There's all those playing cards
Pinned to the spokes,
Laid down like skeletons
out on the lawn.
The wheels won't turn
When the other has gone.
The seasons can turn on a dime,
Somehow I forget every time;
For all the things that you've given me
Will always stay
Broken, but I'll never throw them away
Tom Waits
domingo, março 13, 2005
esta é provavelmente uma das minhas músicas preferidas
I Don't Wanna Grow Up
Well, when I’m lyin’ in my bed at night, I don’t wanna grow up
Nothin’ ever seems to turn out right, I don’t wanna grow up
How do you move in a world of fog, that’s always changing things
Makes me wish that I could be a dog
Well, when I see the price that you pay, I don’t wanna grow up
I don’t ever wanna be that way, I don’t wanna grow up
Seems like folks turn into things that they’d never want
The only thing to live for is today
I’m gonna put a hole in my TV set, I don’t wanna grow up
Open up the medicine chest, and I don’t wanna grow up
I don’t wanna have to shout it out
I don’t want my hair to fall out
I don’t wanna be filled with doubt
I don’t wanna be a good boy scout
I don’t wanna have to learn to count
I don’t wanna have the biggest amount
And I don’t wanna grow up
Well, when I see my parents fight, I don’t wanna grow up
They all go out and drinking all night, and I don’t wanna grow up
I’d rather stay here in my room, nothin’ out there but sad and gloom
I don’t wanna live in a big old Tomb on Grand Street, ooh!
When I see the 5 o’clock news, I don’t wanna grow up
Comb their hair and shine their shoes, I don’t wanna grow up
Stay around in my old hometown
I don’t wanna put no money down
I don’t wanna get me a big old loan
Work them fingers to the bone
I don’t wanna float a broom
Fall in love and get married, then boom
How the hell did we get here so soon
Well, I don’t wanna grow up
Tom Waits
I Don't Wanna Grow Up
Well, when I’m lyin’ in my bed at night, I don’t wanna grow up
Nothin’ ever seems to turn out right, I don’t wanna grow up
How do you move in a world of fog, that’s always changing things
Makes me wish that I could be a dog
Well, when I see the price that you pay, I don’t wanna grow up
I don’t ever wanna be that way, I don’t wanna grow up
Seems like folks turn into things that they’d never want
The only thing to live for is today
I’m gonna put a hole in my TV set, I don’t wanna grow up
Open up the medicine chest, and I don’t wanna grow up
I don’t wanna have to shout it out
I don’t want my hair to fall out
I don’t wanna be filled with doubt
I don’t wanna be a good boy scout
I don’t wanna have to learn to count
I don’t wanna have the biggest amount
And I don’t wanna grow up
Well, when I see my parents fight, I don’t wanna grow up
They all go out and drinking all night, and I don’t wanna grow up
I’d rather stay here in my room, nothin’ out there but sad and gloom
I don’t wanna live in a big old Tomb on Grand Street, ooh!
When I see the 5 o’clock news, I don’t wanna grow up
Comb their hair and shine their shoes, I don’t wanna grow up
Stay around in my old hometown
I don’t wanna put no money down
I don’t wanna get me a big old loan
Work them fingers to the bone
I don’t wanna float a broom
Fall in love and get married, then boom
How the hell did we get here so soon
Well, I don’t wanna grow up
Tom Waits
a lebre declara oficialmente aberta a semana do tio Tom
"I want to thank you all for being here tonight; it'd be mighty strange here tonight if nobody showed up."
"I want to thank you all for being here tonight; it'd be mighty strange here tonight if nobody showed up."
sábado, março 12, 2005
Impossível cantar-te
Como cantei o amor adolescente
Colorindo de ingenuidade
Paisagens e figuras reduzindo-o
À mesma atmosfera rarefeita
Do sonho sem percurso no real
Impossível tomar o íngreme caminho
Da aventura mental
Ou imaginar-te pelo fio estéril
Da solitária imaginação
Tão-pouco desenhar-te como estrela
Neste céu infame
Dizer-te em linguagem de jornal
Ou levar-te á emoção dos outros
Pela voz contrafeita da poesia
Impossível não tentar dizer-te
Com as poucas palavras que nos ficam
Da usura dos dias
Do grotesco discurso que escutamos
Proferimos
Transitos de sonho no ramal do tempo
Onde estamos como ervas
Pedrinhas
Coisas perfeitamente inúteis
Pequenas conversas de ferrugem de musgo
Queixas
Alexandre O’neill
sexta-feira, março 11, 2005
quinta-feira, março 10, 2005
é este o ambiente que paira neste blog
We're All Mad Here
You can hang me in a bottle like a cat
Let the crows pick me clean but for my hat
Where the wailing of a baby
Meets the footsteps of the dead
We're all mad here
As the devil sticks his flag into the mud
Mrs Carol has run off with Reverend Judd
Hell is such a lonely place
And your big expensive face will never last
And you'll die with the rose still on your lips
And in time the heart-shaped bone that was your hips
And the worms, they will climb the rugged ladder of your spine
We're all mad here
And my eyeballs roll this terrible terrain
And we're all inside a decomposing train
And your eyes will die like fish
And the shore of your face will turn to bone
Tom Waits
We're All Mad Here
You can hang me in a bottle like a cat
Let the crows pick me clean but for my hat
Where the wailing of a baby
Meets the footsteps of the dead
We're all mad here
As the devil sticks his flag into the mud
Mrs Carol has run off with Reverend Judd
Hell is such a lonely place
And your big expensive face will never last
And you'll die with the rose still on your lips
And in time the heart-shaped bone that was your hips
And the worms, they will climb the rugged ladder of your spine
We're all mad here
And my eyeballs roll this terrible terrain
And we're all inside a decomposing train
And your eyes will die like fish
And the shore of your face will turn to bone
Tom Waits
quarta-feira, março 09, 2005
terça-feira, março 08, 2005
domingo, março 06, 2005
quinta-feira, março 03, 2005
PEDRAS NOCTURNAS E DIURNAS
Não se pede segredos a uma pedra. Diz-se à criança: - Fica muda, de pedra.
Sempre houve pedras mais pedras que outras que são preciosas, pedras que se tingem das cores que assombram. Pedras que dão sombras para adormecer. Pedras que de noite se escondem no ar, assustam. Pedras que cortam árvores e outras que adormecem a seus pés, lembram rebanhos curvados. Há pedras que estão de cabeça levantada à espera da mão de Deus?
Todas as pedras deambulam. Evadem-se. Os ventos do céu sabem disso. Na montanha a voz das pedras sente-se pesada. (A montanha escoou-se entoando a pedra.)
- Estrondosa, diz-se à criança. Sacodem o silêncio que abriga sementes e as revestia. Belos animais pardos e luzidios com quem falamos. Nocturnos e diurnos, dentro e fora da terra. Pedras nos compêndios escolares e à chuva com fastidiosa passividade. Pedras com cabeça de nuvens. E pedras no bolsito da criança.
Há a pedra sombreada enquanto a Lua parece a pedra do céu. Há a que retém lágrimas demais, se se quiser, orvalho, por ser triste pela manhã. Há pedras alegres que são espelhos as mais das vezes. Abrem-se e a criança entra nas portas encerradas.
José Emílio-Nelson
Não se pede segredos a uma pedra. Diz-se à criança: - Fica muda, de pedra.
Sempre houve pedras mais pedras que outras que são preciosas, pedras que se tingem das cores que assombram. Pedras que dão sombras para adormecer. Pedras que de noite se escondem no ar, assustam. Pedras que cortam árvores e outras que adormecem a seus pés, lembram rebanhos curvados. Há pedras que estão de cabeça levantada à espera da mão de Deus?
Todas as pedras deambulam. Evadem-se. Os ventos do céu sabem disso. Na montanha a voz das pedras sente-se pesada. (A montanha escoou-se entoando a pedra.)
- Estrondosa, diz-se à criança. Sacodem o silêncio que abriga sementes e as revestia. Belos animais pardos e luzidios com quem falamos. Nocturnos e diurnos, dentro e fora da terra. Pedras nos compêndios escolares e à chuva com fastidiosa passividade. Pedras com cabeça de nuvens. E pedras no bolsito da criança.
Há a pedra sombreada enquanto a Lua parece a pedra do céu. Há a que retém lágrimas demais, se se quiser, orvalho, por ser triste pela manhã. Há pedras alegres que são espelhos as mais das vezes. Abrem-se e a criança entra nas portas encerradas.
José Emílio-Nelson