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sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Eid Ma Clack Shaw

I dreamed it was a dream that you were gone I woke up feeling so ripped by reality

Show me the way, show me the way, show me the way to shake a memory

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

apenas preciso de alguém que me sorria e reponha o mesmo disco sempre a tocar e escute comigo o vento nas janelas e sinta a tristeza que têm os gladíolos murchando em cima da mesa






Al Berto





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quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Fins de fevereiro. Saí para te esperar. Vi folhas novas num arbusto da alameda - isso mesmo, aquele que dá os copos, que à noite cheiram alto - e senti-me rejuvenescido. Voltei para casa e até me esqueci de ver o correio.





Ruy Belo





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terça-feira, fevereiro 23, 2010

Os lugares são
a geografia da solidão.
São lugares comuns a casa a cama.





Manuel António Pina





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sábado, fevereiro 20, 2010

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

O dia acordou.
Levantou-se na ponta dos pés
e viu o mundo
ainda deitado com os sonhos
e encantações da noite.

Subiu aos montes,
deslizou pelas colinas
e escorreu para a cidade
apressado.

Apagou os candeeiros das ruas
esganou
sombras escondidas nos pátios e nas esquinas,
e depois de repartir pelos humanos
angústias e problemas
encarregou-os de o levar até ao fim.

Depois deu pela minha ausência
(estava ainda no meio do sonho
a negociar uma felicidade),
abriu a minha janela fechada
e com todo o seu peso caiu sobre mim
interrompendo as negociações.




Kiki Dimoulá




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quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Rumor de água
na ribeira ou no tanque?
O tanque foi na infância
minha pureza refractada.
A ribeira secou no verão
Rumor de água
no tempo e no coração.
Rumor de nada.





Carlos de Oliveira





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segunda-feira, fevereiro 15, 2010

entrudemos
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sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Os países estrangeiros, a música e os planos e projectos pertenciam ao Quarto Interior. E as canções em que ela pensava também. E a Sinfonia. Quando ela estava sozinha no Quarto Interior voltava-lhe à memória a música que tinha ouvido durante a noite da festa. Era como uma grande flor que se abria dentro dela. Durante o dia, por vezes, ou quando acabava de acordar, pela manhã, vinha-lhe de repente à lembrança um novo trecho da Sinfonia. Então tinha que ir para o Quarto Interior e escutá-la muitas vezes para tentar juntar esse trecho aos que já tinha de memória. O Quarto Interior era um lugar inteiramente privado, só dela. Podia estar no meio duma sala de gente e ainda assim fazer de conta que estava fechada à chave por dentro.






Carson McCullers





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quinta-feira, fevereiro 11, 2010

tinha um parafuso a menos
tive um acidente
puseram-me vários
estou deveras preocupada
um a menos? vários a mais?
não é que faça diferença
saber ou não, quero dizer
agora por aqui ando
tilintando por tudo e por nada
como sino meio tresloucado
tocando segundos sem parar, mas
suspeito que mos puseram nos sítios errados
aquele que faltava o tal do sítio acertado
continuo a dar pela sua inexistência
pois é muito pior perder
aquilo que se não tem
do que aquilo que, julgado possuído,
perdê-lo não se podia

pois é, elizabeth, a arte de perder é o maior mistério






Bénédicte Houart





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terça-feira, fevereiro 09, 2010

Experimentei esta liberdade: a de ver os dias moverem-se de um lado para o outro dentro das semanas, enquanto eu lia, olhava, imaginava e dormia, e voltava para trás, lembrando coisas de uns e outros, coisas dos dias, de tal modo que era tudo uma festa da confusão.





Herberto Helder





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domingo, fevereiro 07, 2010

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

A verdade, por muito que nos custe,
é que nunca houve ninguém
por detrás da janela
do ponto mais alto da montanha.

Se é que podemos falar
de montanha, da janela onde
por vezes chegavam,
os sinos indolentes do amor,
na sua claríssima estranheza.

E as coisas que nos matam,
incendeiam-se,
cansadas de esperar por outro dia.




Manuel de Freitas




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quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Tornamo-nos impermeáveis na solidão:
dentro da pele não viaja ninguém;
fora da pele ninguém nos vê passar.




Jesús Jiménez Domínguez




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