Menina Louise
Ela sonhava descer
escadarias elegantes
alvoroçado leque de marfim
com crianças em fatos à marujo
e vestidos de organza
até que o sonho lhe apodreceu as vísceras,
mas ninguém soube:
não eram permitidas vísceras
no seu tempo.
Abanava os caracóis grisalhos:
menina, nem posso
ir à Igreja já sabe que
perturbo os padres
imensamente. Ainda ontem
o padre Hans, aquele bonito, me dizia:
menina Louise, sinto uma flecha
atravessar-me o coração.
Mas ninguém me acredita
se eu contar. Tem sido sempre
assim. Dizem-me:
sim, Louisa, nós sabemos, os professores
amaram-te na juventude,
os juízes no teu apogeu.
Eunice de Souza
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