Irei eu se ele for
na cavalgada.
Irei eu a galope em meus pés
veloz por entre as avezinhas 
do fundo das águas-furtadas 
em águas de lábios furtadas
veloz e espessa como a torrente
de um parto. 
Irei eu em todas as minhas mãos 
pégasos e ventanias 
o corpo preso por um frio gentil
o corpo a tilintar de sonhos.
Serei eu o que ele for
na cavalgada. 
Irei eu sem música sem mesa posta
dar-lhe prato verde
onde caibamos os dois dar-lhe
este emudecimento este abatimento cardíaco
da floresta.
Catarina Nunes de Almeida
