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quarta-feira, janeiro 06, 2010

momento narcisista da lebre


Actual, 24 de Dezembro de 2009 (Expresso)

4 estrelas

CRIATURA Nº4
Núcleo Autónomo Calíope, 2009, 168 págs., €7

Esta revista volta a confrontar-nos com um original elenco poético.

Graficamente, o negrume esbateu-se, embora a “Criatura” continue a manifestar o desejo de ser um “grito sem voz”, algures “entre a loucura e a beleza”. Mas o que sobressai, neste quarto número da revista, é a reunião feliz de poetas pertencentes a timbres e gerações muito diferentes. Há autores que aqui nos surgem inesperadamente ‘reabilitados’, com poemas bastante superiores aos que anteriormente tinham publicado em livro – casos de Luís Pedroso ou Ana Salomé. Mais sóbria, a escrita de Maria Sousa é outra agradável presença. São menos aliciantes Nuno Brito, autor até agora de um inquieto mas desigual livro de poemas, e José Carlos Barros, de quem era legítimo esperar melhor. Luís Filipe Parrado, quando não resvala para um lirismo inóquo, revela-se de uma grande e singular mestria. Outros nomes a reter são, certamente, os do quase sempre invisível Miguel Martins (que colabora com dois magníficos e ‘desalinhados’ poemas), de Rui Caeiro e de Rui Miguel Ribeiro. É de salientar, ainda, a cada vez mais nítida veemência dos discursos de David Teles Pereira e Diogo Vaz Pinto. Dir-se-ia, em ambos os casos, que passou a haver uma voz própria, capaz, respectivamente, de vencer o risco do poema curto e do poema longo. Veja-se do primeiro, ‘Reciclagem para C.’: “O deus do Eugénio/ é muito mais verde/ quando lido pelos teus olhos.” E, do segundo, o excelente ‘A Carne Agarrada aos Ossos’ e a aguda consciência desse “desgosto geracional” que “lixou já/ poemas mais que suficientes”. Este ‘desgosto’ prolonga-se, de algum modo, na escolha de poetas traduzidos: Déborah Vukusic (passível de nos lembrar Adília Lopes), Jesús Jiménez Domínguez e os exercícios por vezes fúteis da sobrevalorizada Elena Medel. Dito isto, parece-me evidente estarmos perante um núcleo editorial/poético que reivindica “uma arte que se deixe/ de arrotos místicos”. E, pelo menos nesse aspecto, a batalha está mais do que ganha.

Manuel de Freitas


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8 Comments:

Blogger margarete said...

qual narcisista qual carapuça

uma lebre encabulada usa mal as palavras

errata: momento assumido da uma lebre poeta!


:') mim muito orgulhosa da minha mariazinha luísa josé miz sousa de lebre mcgregor waits


*****

parabéns Maria Sousa, Criatura e poesia portuguesa

6/1/10 20:22  
Blogger sem-se-ver said...

onde é que posso comprar?

6/1/10 22:54  
Blogger Cachecol do Pintor said...

cum carágu...muito bem cachopa

6/1/10 23:38  
Blogger Catarina Barros said...

lebre, a livreira está confusa. tu és a maria sousa? ou é tua prima? melhor amiga?

8/1/10 12:04  
Blogger lebredoarrozal said...

obrigada:)

sem-se-ver, ao certo não sei, mas pelo menos na trama e na poesia incompleta há.



catarina, sim, sou a maria sousa, pq?

8/1/10 12:20  
Blogger Catarina Barros said...

leio o teu blogue mas não sabia que havia vida para além da lebre :D temos que fazer uma festa da criatura ***

8/1/10 17:59  
Blogger Frioleiras said...

seja o que for
seja quem for
.............................
gosto muito................

10/1/10 03:27  
Blogger BiAs said...

és o meu orgulho...

14/1/10 10:53  

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