quando o poema se cumpre
Lume
(...)
Comecei a fumar para te pedir lume.
Para passar o frio.
Descobri que não viria a morrer
Nem de cancro pulmonar, nem de amor,
mas da própria morte, mal o lume se apagou
e o café fechou as portas. Para sempre.
Ana Salomé
(...)
O amor dito de palavra é açúcar nos ferrolhos da boca, amor adoçado nas gengivas como um beijo de campânula. Amor que sobra das palavras dorme ao relento de corpo purgado ao vento, escavacando as ervas-beldroegas com as suas garras de leão-persa. Aos olhos de um amor que ainda ama, a infinidade da noite é uma mentira eléctrica serpeando que nem enguia o choro das caldas de Cáspio. Aos meus olhos, o limbo da noite é estonteante e latente, dos olhos às mãos, e do peito à memória, uma âncora no céu-da-boca.
Alice Turvo - Férreos Transversais
Contributos para uma botânica feminista
Sei que tu tens um gineceu. Eu também tenho um androceu. Se fossemos
coerentes, nem sequer falávamos. (L)íamos.
Leio-te em Braille, cega de tanto te esperar.
Joana Serrado
como sou incapaz de contar histórias fotografo corpos
muitas vezes como maneira de agarrar o vento
faço construções de quem conhece por dentro a monotonia
e para aumentar o grão
anoto o vermelho que trespassa o olhar vazio
Maria Sousa
Lume
(...)
Comecei a fumar para te pedir lume.
Para passar o frio.
Descobri que não viria a morrer
Nem de cancro pulmonar, nem de amor,
mas da própria morte, mal o lume se apagou
e o café fechou as portas. Para sempre.
Ana Salomé
(...)
O amor dito de palavra é açúcar nos ferrolhos da boca, amor adoçado nas gengivas como um beijo de campânula. Amor que sobra das palavras dorme ao relento de corpo purgado ao vento, escavacando as ervas-beldroegas com as suas garras de leão-persa. Aos olhos de um amor que ainda ama, a infinidade da noite é uma mentira eléctrica serpeando que nem enguia o choro das caldas de Cáspio. Aos meus olhos, o limbo da noite é estonteante e latente, dos olhos às mãos, e do peito à memória, uma âncora no céu-da-boca.
Alice Turvo - Férreos Transversais
Contributos para uma botânica feminista
Sei que tu tens um gineceu. Eu também tenho um androceu. Se fossemos
coerentes, nem sequer falávamos. (L)íamos.
Leio-te em Braille, cega de tanto te esperar.
Joana Serrado
como sou incapaz de contar histórias fotografo corpos
muitas vezes como maneira de agarrar o vento
faço construções de quem conhece por dentro a monotonia
e para aumentar o grão
anoto o vermelho que trespassa o olhar vazio
Maria Sousa
Etiquetas: Interrompemos a programação habitual para compromissos culturais, Interrompemos a programação habitual para compromissos emocionais
20 Comments:
isto vai ser muito bom.
e muito esse poema, Maria.
(lebre não sejas assim, não estou a falar contigo)
também acho que vai ser muito bom.
não estás? então é com quem?
daqui a umas horas...o poema cumpre-se. cumprir-se-á. vai-se cumprindo.
até já ;-)
com a Maria (oressa)
:(
ana:)
bruno, quem é a maria teressa?
maggie, why the sad face?
Maria, ora essa.
a maria agradece muito muito muito (pronto, assim percebi)
estou ansiosa por conhecer-te lebre. Uma joaninha.
Foi tão bonito.
foi lindo. :)
Estava lá, ontem. Soube-me bem ouvir-te e ouvir-vos.
Passa as palavras para papel, para que possamos desfolhá-las e torná-las nossas, quando a noite nos roubar o sono e procurarmos descanso em quem fala por nós.
Um beijo. E parabéns.
«para os lugares que me faltam no interior do sono
tenho metáforas
ao falar do sabor que o vento deixa nos lábios
quando a voz tropeça nas sílabas
eu serei sempre a que abre as palavras na garganta»
não posso dizer que é - com certeza - o meu preferido. mas é, neste momento, aquele em que mais me reconheço. eu sou muito de momentos e gosto sempre de me ler nos outros, principalmente quando sou eu a não conseguir abrir as palavras. os lugares que me faltam encontro-os muitas vezes aqui. só por isso devo-te um obrigada gigante. porque não adivinharás nunca o bem que me (nos) fazes... :)
(achei por bem confessar aqui a minha preferência a propósito dos teus poemas. espero que não te importes.)
beijo grande*
a maria sousa é 'brutalíssima'.
um beijinho, alice.
como sempre...................
gostei muto..
quem me conhece sabe que neste momento estou assim a modos que corada e a enrolar um caracolito e sem saber como reagir a tantos elogios:)
obrigada, muito muito obrigada:)
espectáculo de menina. e tem mesmo de passar a papel. mesmo.
(o cinzeiro na perna tinha imensa pinta. eh eh)
Grande, grande, grande Maria. Brutal, brutalíssimo. Poesettes. Poemas e blogues. Essas coisas.
Fico à tua espera numa página de papel, sim?
E os agradecimentos nunca são poucos. Obrigada.
Amanda (vês, agora já tens o meu blog)
exceleeeeeeennte!
(só fiquei assim com muita pena de ter sido tão pouco tempo.)
":(" por não poder estar lá, lebre
o poema que a Vanessa colocou aqui É a lebre (eu podia dizer isto, podia, não podia? olha, 'tá dito :P)
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