Devo dizer, para ser franca, que já várias vezes tinha acedido a sair com ele. Não para ir ao baile. Ele dizia que não gostava de dançar. Na realidade, não sabia. Mas não me impedia que o fizesse. Eu também não gostava por aí além de dançar(...) Preferia ir até ao campo com ele. Ora me levava a Saint-Germain, ora a Fontainebleau, ora à beira do Sena ou do Marne. Alugávamos um barco. Ele remava. Eu ficava sentada à sua frente sem dizer nada. Ele também não dizia palavra. Olhava para mim enquanto remava e de vez em quando sorria-me. Eu então também sorria para ele. À volta, tomávamos um “panaché”, com umas batatas fritas, numa tasquinha lá do sítio e voltávamos de comboio, ou numa camioneta à pinha, com os braços atafulhados de flores do campo. Flores que cheiravam bem. De regresso a Paris, quase me sentia asfixiar. Gostaria de ter lá ficado, em Athis-Mons ou em Gagny, uma semana inteira deitada na relva ao pé dele, a olhar para o céu.
Raymond Guérin
Raymond Guérin
2 Comments:
Amiga: pode indicar-me o t+ítulo da obra de que extraiu esta entrada?Abraço
claro, é um excerto do livro pele calejada.
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