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sexta-feira, outubro 17, 2008

Vamos fazer limpeza, mas geral
e vamos deitar fora as coisas todas
que não nos servem para nada, essas
coisas que não usamos já e essas
que nada fazem mais que apanhar pó,
as que evitamos encontrar porquanto
nos trazem as lembranças mais amargas,
as que nos fazem mal, enchem espaço
ou não quisemos nunca ter por perto.
vamos fazer limpeza, mas geral,
talvez melhor ainda uma mudança
que nos permita abandonar as coisas
sem sequer lhes tocar, sem nos sujarmos,
que fiquem onde sempre têm estado;
vamos embora só nós, vida minha,
para voltar a acumular de novo.
Ou vamos deitar fogo ao que nos cerca
e ficarmos em paz com essa imagem
do braseiro do mundo face aos olhos
e com o coração desabitado.




amalia bautista



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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

há bocados de mim espalhados um pouco por toda a parte algures por este espaço. quando as palavras tocam o fogo confesso sentir que me roubam mais por dentro do que é normal. *


"Do fogo que me corrói, não há o que me anestesie. O tempo não basta e o meu fogo não se apaga com água.

(Permanece a tentativa constante de reparar um mal que não tem cura.)

Ardo em pensamentos de traição, como punhaladas frias nos ombros de alguém, enquanto espero incessante o momento derradeiro em que uma qualquer verdade desabe sobre a minha consciência.
A expectativa cresce em ti como um sonho inalcançável para mim, e em mim soa um ar de mentira nos meus olhos, quando me recolho no silêncio do costume. Não queria falhar desta vez, mas o tempo que passo comigo obriga-me à introspecção habitual. A tentativa de reparar os meus erros não exclui a hipótese de desabarmos de novo, e enquanto houver uma obrigação de escolha, faz-se sentir a ferida ainda aberta que existe em nós. Continuo frágil e aceso, …em combustão, e nada parece querer sarar."


by Gonçalo Martins



bom fim de semana*

18/10/08 23:01  

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