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quinta-feira, setembro 04, 2008

Este Verão ensina-me
a amar as minhas cicatrizes
a enfeitar-me com marcas de estrangulamento no pescoço

Este Verão ensina-me
a fechar à chave a amargura e fico
bem roliça e anafada pareço bem tratada

Este Verão ensina-me
a gritar o bel canto

Este Verão ensina-me
que a solidão descansa
e cresce numa mão

Este Verão ensina-me
a não confundir um corpo disponível
com o desejo de felicidade

Este Verão ensina-me
a ser para cada pedra um espelho de água

Este Verão ensina-me
a amar grandes bolas de sabão e pequenas
antes de rebentarem

Este Verão ensina-me
que tudo sem nós
por si continua

Este Verão ensina-me
um rosto gelado feliz

Este Verão ensina-me
tenho que ser eu a bater no tambor
quando quiser dançar

este Verão ensina-me
a ser sem felicidade sem tristeza por uns
segundos aliada de Deus

Este Verão ensina-me
a acordar de manhã. Grata. Sozinha.

Este Verão ensina-me
que a folha do limoeiro só deita cheiro
quando a desfazemos entre os dedos.



Ulla Hahn



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6 Comments:

Blogger L. said...

este verão, sentado na imobilidade que queria para o tempo.

4/9/08 13:41  
Blogger ana marta said...

há coisas que acontecem em sincronia. entrei aqui e deparei-me com as palavras que procuro há dias para ilustrar a minha vida recente. e com um nó na garganta encontro este poema que é tão dolorosamente este meu verão...

4/9/08 15:36  
Blogger Inês Leitão said...

Gostava muito de ser ela, ali na piscina.

4/9/08 16:00  
Blogger ana salomé said...

incrível, lebre.

4/9/08 22:20  
Blogger Frioleiras said...

este verão

verde............

5/9/08 01:28  
Blogger lebredoarrozal said...

eu gosto mesmo, mesmo muito deste poema:)

8/9/08 23:34  

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