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sábado, maio 31, 2008

come wander with me
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sexta-feira, maio 30, 2008

Assoam-se-me à alma
quem como eu traz desfraldado o coração
sabe o que querem dizer estas palavras.
A pele serve de céu ao coração.



Luís Miguel Nava



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quarta-feira, maio 28, 2008

Senão todos algum
de nós reproduz diversos os mesmos lugares.
E aquela que entra no verso para o
percorrer
atrás da tua sombra serei eu.




Fiama Hasse Pais Brandão



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terça-feira, maio 27, 2008

sei que falar de ausência é chamar-te para o poema

para que sejas apenas uma silhueta recortada ao acaso na parede
prefiro uma descrição onde tudo é paisagem

e incluo árvores para assim te transformar
numa mancha que as folhas escondem
como um vazio preenchido pela sombra


maria sousa



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segunda-feira, maio 26, 2008

Para onde quer que vá
já lá estive
o que quer que faça
não posso decidir
quem quer que eu ame
é uma parte
por muito que morra
fico com vida




Eva Christina Zeller



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sábado, maio 24, 2008

sexta-feira, maio 23, 2008

este dia nasceu violentamente do medo

dos meus braços vejo levantar-se
todo o nevoeiro

a manhã é um eco de corpos
devorados no seu próprio destino

seria tão fértil se eu tocasse o amor
donde se via crescer a alba
seria tão aceso ver-me chegar eu
onde tinhas chegado tu
mas a madrugada apenas a confusão dos sonhos
onde tu jamais terias existido

procuro no peito pássaros migradores
o que tu eras eu
conheço-te na luz ferida
conheço-te na pedra do meu sangue
conheço-te de mim

hoje as paredes do mistério
deitaram o meu corpo no esquecimento
faz frio nos corredores da posse
e nunca foi tão longe seres eu

oiço o mundo cair no fundo do meu corpo
e chorar no centro invisível da noite
hoje é o futuro de ontem
um espelho sangrou em fumo
um homem partido à entrada do amor
com um rosto que não lhe pertence

quem me conhece de ti
não existe em tão frutífera ausência
em tão rosto pânico

com as duas mãos amanhecidas em ontem
despeço-me em ti



Pedro Sena-Lino


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quarta-feira, maio 21, 2008

Há hoje um cheiro a partir
um cheiro a não estar aqui,
um cheiro a mar verde-pálido,
de algas soltas, sem raízes.
Estou no cais mas não saí.
Tenho um passaporte inválido
para todos os países.




Maria Judite de Carvalho


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terça-feira, maio 20, 2008

Que quer dizer a mágoa sempre que se deixa
fazer sentir, quando se afasta depois
de ocupar os únicos sítios? O que quero
dizer fica menos veloz. A evitar o azul branco
do céu sobre mim, a visitar esta terra só
de inverno. Seria inútil começar agora
uma conversa mais explícita, talvez
sobre o ritmo exigente da cidade em que estás
ou sobre a actividade quase perfeita das crianças
em redor. Prefiro calar-me, sentir o vento
que vem do mar, rir um pouco tropeçando
na madeira corroída.
De pouco serve escutar assim as vozes
já tão cansadas, antes a cuidadosa escolha
das tábuas a pôr na casa vazia. Depois
falaste-me de um eco, de um barco inclinando-se,
da casa que não tens.
Esgota-se o que mais falta. Que vamos
dizer? Está bem amo-te. E ao fogo
acabando na cinza, à manhã que não existe.



Helder Moura Pereira



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segunda-feira, maio 19, 2008

«Sei o que é a rua - diz a casa
O que é não ter onde ficar
de noite»



Luiza Neto Jorge



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sábado, maio 17, 2008

I think I need a new heart
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sexta-feira, maio 16, 2008

não esperes que te ajude o cavaleiro
andante ou — menos ainda — a música.

cresceste demasiado, o teu corpo
não cabe no teu corpo e o amor

(ah, o amor) ajuda mas não salva.

— vem comigo partir estes pinhões,
sob o esboroado cor-de-rosa das paredes.
os cavalos, acredita, não te farão mal.

depois das laranjeiras havia um tanque,
depois do tanque um jardim. mas
de pouco te serve dizê-lo, agora que tratas

por tu a mais íntima distância do que foste.



manuel de freitas



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quinta-feira, maio 15, 2008

Tudo o que vivêramos
um dia fundiu-se
com o que estava
a ser vivido.
Não na memória
mas no puro espaço
dos cinco sentidos.
Havíamos estado no mundo, raso,
um campo vazio de tojo seco.

Depois, alguém
urbanizou o vazio,
e havia casas e habitantes
sobre o tojo. E eu,
que estivera sempre presente,
vi a dupla configuração de um campo,
ou a sós em silêncio
ou narrando esse meu ver.



Fiama Hasse Pais Brandão



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obrigada manel menino pelo livro maravilha

quarta-feira, maio 14, 2008

Enquanto os outros dormem, fundo-me no verbo interior da primavera



Herberto Helder



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terça-feira, maio 13, 2008

deito-me à sombra das tuas pernas
e o corpo arde em todos os movimentos
que não ousaste prolongar
na toalha branca da minha pele

deste lado a dor
é completamente minha
e por assim dizer inútil


era capaz de jurar
que nem me viste



Alice Vieira



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segunda-feira, maio 12, 2008

com seis palavrinhas apenas se descreve a lebre

gargalhada, infância, whisky, rouca, melancolia, música



passo este desafio à
ana...
franksy
angela
couve-flor
polvinha

"São-nos pedidas seis palavras para uma “muito curta” biografia (há quem opte por um conceito) e podemos dar-lhes ênfase com uma imagem. Devemos colocar um link para quem nos desafiou e por nossa vez desafiar cinco blogs, avisando-os deste mesmo convite."

sábado, maio 10, 2008

tintarella de lunaPhotobucket

sexta-feira, maio 09, 2008

Revista Sítio


Os textos são de:
Luíz Ruffato, Ozias Filho, Natércia Pontes (Brasil), Eduardo Estevez e António Alías (Espanha), Luís Naves, Maria Sousa, Miguel Real, Sérgio Luís de Carvalho, Paulo Kellerman, Carla Cook, Fernando Esteves Pinto, Lourenço Bray, Rui Matoso, André Simões, Luís Ene, José Magalhães e Nuno Travasso (Portugal).
As imagens são de:
António Bártolo, Manuel Guerra Pereira e Vanessa Fernandes(Portugal).
A edição é de Luís Filipe Cristóvão e o design da Slingshot.

Etiquetas: ,

tradução caseira da lebre


E nada será teu senão um ir até onde não há onde.



Alejandra Pizarnik



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quinta-feira, maio 08, 2008

Agora que escurece, impregnam-me
a carne os sucos da memória, essa memória
que, pela sua força unicamente,
a ergue entre os destroços e a alumia
como uma lamparina
onde as lembranças fossem o azeite.




Luís Miguel Nava



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quarta-feira, maio 07, 2008

Tenho ausências. Tenho o espírito ausente, onde está o espírito quando fica ausente? Aqui o espírito está ausente em toda a parte, posso sentar-me em toda a parte, posso sentar-me onde quiser, saborear o passar da mão pelos móveis, não me faltaria tempo para regozijar por me ter escapado e achar-me de novo nesta ausência.


Ingeborg Bachmann



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terça-feira, maio 06, 2008

Tu estás ao fundo das imagens. És a água silenciosa que bebo, a lentidão dos meses quente – e mordes o meu coração com a boca de quem ignora tudo.


Vasco Gato



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domingo, maio 04, 2008

O sol entra na casa o que
perdemos é já demasiado
para podermos distinguir da parede
o retrato Houve um futuro
no fumo que sangrava
É a forma invisível que uma onda
de luz irá salvar? Esse encontro
da casa com o dia criará uma névoa
que nega a própria luz e vai como
uma nuvem guardar todo o poder
até se transformar num relâmpago
que não pertence ao dia
porque é o que ficou do que perdeu a
existência e de novo se perde
quando a onda regressa
ao dia de onde veio
enrolada levando na sua luz o rosto



Gastão Cruz



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sexta-feira, maio 02, 2008

Hoje é dia de Heavy Trash no TAGV
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Em espessura do feito infinito
em amor me feria dilatava

a boca era um leito um órgão de lava




Luíza Neto Jorge



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