sábado, maio 31, 2008
sexta-feira, maio 30, 2008
quarta-feira, maio 28, 2008
terça-feira, maio 27, 2008
segunda-feira, maio 26, 2008
sábado, maio 24, 2008
Etiquetas: Os vídeos do planeta lebre
sexta-feira, maio 23, 2008
este dia nasceu violentamente do medo
dos meus braços vejo levantar-se
todo o nevoeiro
a manhã é um eco de corpos
devorados no seu próprio destino
seria tão fértil se eu tocasse o amor
donde se via crescer a alba
seria tão aceso ver-me chegar eu
onde tinhas chegado tu
mas a madrugada apenas a confusão dos sonhos
onde tu jamais terias existido
procuro no peito pássaros migradores
o que tu eras eu
conheço-te na luz ferida
conheço-te na pedra do meu sangue
conheço-te de mim
hoje as paredes do mistério
deitaram o meu corpo no esquecimento
faz frio nos corredores da posse
e nunca foi tão longe seres eu
oiço o mundo cair no fundo do meu corpo
e chorar no centro invisível da noite
hoje é o futuro de ontem
um espelho sangrou em fumo
um homem partido à entrada do amor
com um rosto que não lhe pertence
quem me conhece de ti
não existe em tão frutífera ausência
em tão rosto pânico
com as duas mãos amanhecidas em ontem
despeço-me em ti
Pedro Sena-Lino
dos meus braços vejo levantar-se
todo o nevoeiro
a manhã é um eco de corpos
devorados no seu próprio destino
seria tão fértil se eu tocasse o amor
donde se via crescer a alba
seria tão aceso ver-me chegar eu
onde tinhas chegado tu
mas a madrugada apenas a confusão dos sonhos
onde tu jamais terias existido
procuro no peito pássaros migradores
o que tu eras eu
conheço-te na luz ferida
conheço-te na pedra do meu sangue
conheço-te de mim
hoje as paredes do mistério
deitaram o meu corpo no esquecimento
faz frio nos corredores da posse
e nunca foi tão longe seres eu
oiço o mundo cair no fundo do meu corpo
e chorar no centro invisível da noite
hoje é o futuro de ontem
um espelho sangrou em fumo
um homem partido à entrada do amor
com um rosto que não lhe pertence
quem me conhece de ti
não existe em tão frutífera ausência
em tão rosto pânico
com as duas mãos amanhecidas em ontem
despeço-me em ti
Pedro Sena-Lino
quarta-feira, maio 21, 2008
terça-feira, maio 20, 2008
Que quer dizer a mágoa sempre que se deixa
fazer sentir, quando se afasta depois
de ocupar os únicos sítios? O que quero
dizer fica menos veloz. A evitar o azul branco
do céu sobre mim, a visitar esta terra só
de inverno. Seria inútil começar agora
uma conversa mais explícita, talvez
sobre o ritmo exigente da cidade em que estás
ou sobre a actividade quase perfeita das crianças
em redor. Prefiro calar-me, sentir o vento
que vem do mar, rir um pouco tropeçando
na madeira corroída.
De pouco serve escutar assim as vozes
já tão cansadas, antes a cuidadosa escolha
das tábuas a pôr na casa vazia. Depois
falaste-me de um eco, de um barco inclinando-se,
da casa que não tens.
Esgota-se o que mais falta. Que vamos
dizer? Está bem amo-te. E ao fogo
acabando na cinza, à manhã que não existe.
Helder Moura Pereira
fazer sentir, quando se afasta depois
de ocupar os únicos sítios? O que quero
dizer fica menos veloz. A evitar o azul branco
do céu sobre mim, a visitar esta terra só
de inverno. Seria inútil começar agora
uma conversa mais explícita, talvez
sobre o ritmo exigente da cidade em que estás
ou sobre a actividade quase perfeita das crianças
em redor. Prefiro calar-me, sentir o vento
que vem do mar, rir um pouco tropeçando
na madeira corroída.
De pouco serve escutar assim as vozes
já tão cansadas, antes a cuidadosa escolha
das tábuas a pôr na casa vazia. Depois
falaste-me de um eco, de um barco inclinando-se,
da casa que não tens.
Esgota-se o que mais falta. Que vamos
dizer? Está bem amo-te. E ao fogo
acabando na cinza, à manhã que não existe.
Helder Moura Pereira
segunda-feira, maio 19, 2008
sábado, maio 17, 2008
sexta-feira, maio 16, 2008
não esperes que te ajude o cavaleiro
andante ou — menos ainda — a música.
cresceste demasiado, o teu corpo
não cabe no teu corpo e o amor
(ah, o amor) ajuda mas não salva.
— vem comigo partir estes pinhões,
sob o esboroado cor-de-rosa das paredes.
os cavalos, acredita, não te farão mal.
depois das laranjeiras havia um tanque,
depois do tanque um jardim. mas
de pouco te serve dizê-lo, agora que tratas
por tu a mais íntima distância do que foste.
manuel de freitas
andante ou — menos ainda — a música.
cresceste demasiado, o teu corpo
não cabe no teu corpo e o amor
(ah, o amor) ajuda mas não salva.
— vem comigo partir estes pinhões,
sob o esboroado cor-de-rosa das paredes.
os cavalos, acredita, não te farão mal.
depois das laranjeiras havia um tanque,
depois do tanque um jardim. mas
de pouco te serve dizê-lo, agora que tratas
por tu a mais íntima distância do que foste.
manuel de freitas
quinta-feira, maio 15, 2008
Tudo o que vivêramos
um dia fundiu-se
com o que estava
a ser vivido.
Não na memória
mas no puro espaço
dos cinco sentidos.
Havíamos estado no mundo, raso,
um campo vazio de tojo seco.
Depois, alguém
urbanizou o vazio,
e havia casas e habitantes
sobre o tojo. E eu,
que estivera sempre presente,
vi a dupla configuração de um campo,
ou a sós em silêncio
ou narrando esse meu ver.
Fiama Hasse Pais Brandão
obrigada manel menino pelo livro maravilha
um dia fundiu-se
com o que estava
a ser vivido.
Não na memória
mas no puro espaço
dos cinco sentidos.
Havíamos estado no mundo, raso,
um campo vazio de tojo seco.
Depois, alguém
urbanizou o vazio,
e havia casas e habitantes
sobre o tojo. E eu,
que estivera sempre presente,
vi a dupla configuração de um campo,
ou a sós em silêncio
ou narrando esse meu ver.
Fiama Hasse Pais Brandão
obrigada manel menino pelo livro maravilha
quarta-feira, maio 14, 2008
terça-feira, maio 13, 2008
segunda-feira, maio 12, 2008
com seis palavrinhas apenas se descreve a lebre
gargalhada, infância, whisky, rouca, melancolia, música
passo este desafio à
ana...
franksy
angela
couve-flor
polvinha
"São-nos pedidas seis palavras para uma “muito curta” biografia (há quem opte por um conceito) e podemos dar-lhes ênfase com uma imagem. Devemos colocar um link para quem nos desafiou e por nossa vez desafiar cinco blogs, avisando-os deste mesmo convite."
gargalhada, infância, whisky, rouca, melancolia, música
passo este desafio à
ana...
franksy
angela
couve-flor
polvinha
"São-nos pedidas seis palavras para uma “muito curta” biografia (há quem opte por um conceito) e podemos dar-lhes ênfase com uma imagem. Devemos colocar um link para quem nos desafiou e por nossa vez desafiar cinco blogs, avisando-os deste mesmo convite."
sábado, maio 10, 2008
sexta-feira, maio 09, 2008
Revista Sítio
Os textos são de:
Luíz Ruffato, Ozias Filho, Natércia Pontes (Brasil), Eduardo Estevez e António Alías (Espanha), Luís Naves, Maria Sousa, Miguel Real, Sérgio Luís de Carvalho, Paulo Kellerman, Carla Cook, Fernando Esteves Pinto, Lourenço Bray, Rui Matoso, André Simões, Luís Ene, José Magalhães e Nuno Travasso (Portugal).
As imagens são de:
António Bártolo, Manuel Guerra Pereira e Vanessa Fernandes(Portugal).
A edição é de Luís Filipe Cristóvão e o design da Slingshot.
Os textos são de:
Luíz Ruffato, Ozias Filho, Natércia Pontes (Brasil), Eduardo Estevez e António Alías (Espanha), Luís Naves, Maria Sousa, Miguel Real, Sérgio Luís de Carvalho, Paulo Kellerman, Carla Cook, Fernando Esteves Pinto, Lourenço Bray, Rui Matoso, André Simões, Luís Ene, José Magalhães e Nuno Travasso (Portugal).
As imagens são de:
António Bártolo, Manuel Guerra Pereira e Vanessa Fernandes(Portugal).
A edição é de Luís Filipe Cristóvão e o design da Slingshot.
Etiquetas: Interrompemos a programação habitual para compromissos culturais, Interrompemos a programação habitual para compromissos emocionais
quinta-feira, maio 08, 2008
quarta-feira, maio 07, 2008
Tenho ausências. Tenho o espírito ausente, onde está o espírito quando fica ausente? Aqui o espírito está ausente em toda a parte, posso sentar-me em toda a parte, posso sentar-me onde quiser, saborear o passar da mão pelos móveis, não me faltaria tempo para regozijar por me ter escapado e achar-me de novo nesta ausência.
Ingeborg Bachmann
Ingeborg Bachmann
terça-feira, maio 06, 2008
domingo, maio 04, 2008
O sol entra na casa o que
perdemos é já demasiado
para podermos distinguir da parede
o retrato Houve um futuro
no fumo que sangrava
É a forma invisível que uma onda
de luz irá salvar? Esse encontro
da casa com o dia criará uma névoa
que nega a própria luz e vai como
uma nuvem guardar todo o poder
até se transformar num relâmpago
que não pertence ao dia
porque é o que ficou do que perdeu a
existência e de novo se perde
quando a onda regressa
ao dia de onde veio
enrolada levando na sua luz o rosto
Gastão Cruz
perdemos é já demasiado
para podermos distinguir da parede
o retrato Houve um futuro
no fumo que sangrava
É a forma invisível que uma onda
de luz irá salvar? Esse encontro
da casa com o dia criará uma névoa
que nega a própria luz e vai como
uma nuvem guardar todo o poder
até se transformar num relâmpago
que não pertence ao dia
porque é o que ficou do que perdeu a
existência e de novo se perde
quando a onda regressa
ao dia de onde veio
enrolada levando na sua luz o rosto
Gastão Cruz