“ Há magia no amor e nos sorrisos. Usem-nos todos os dias, em tudo o que fizeram, e verão as coisas maravilhas que acontecem”, costumava dizer a Coruja Castanha a ler do seu livrinho. Eu acreditara naquele slogan; acreditara que a ausência de coisas maravilhosas a acontecerem se devia ao meu próprio fracasso, ao meu insuficiente amor. Agora parecia-me que se podia substituir “amor” nesta máxima pelo nome de um verniz de móveis sem violar de forma alguma o seu significado. O amor era apenas um utensílio; os sorrisos eram outros tantos utensílios, eram apenas utensílios para se atingirem determinados objectivos. Não era magia, apenas química. Senti que de facto nunca amara ninguém, nem Paul, nem Chuck, o Porco-Espinho-Real, nem mesmo Arthur . Envernizara-os com o meu amor e esperara que brilhassem tanto que reflectissem a minha própria imagem, aumentada e cintilante.
Margareth Atwood
Margareth Atwood
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