Um dia os nossos gestos serão verdes.
Dormiremos aos pés da terra
nas nossas bocas só os pés da terra
e a folhagem em vez dos meus braços.
Basta um grão de pó na unha
a noite dedilhada no centro do poro
para que eu estenda os seios no deserto
depois da vindima. Entre a pele e as espigas
já não restam reticências – apenas uma escama
com que agasalho o mundo.
Catarina Nunes de Almeida
Dormiremos aos pés da terra
nas nossas bocas só os pés da terra
e a folhagem em vez dos meus braços.
Basta um grão de pó na unha
a noite dedilhada no centro do poro
para que eu estenda os seios no deserto
depois da vindima. Entre a pele e as espigas
já não restam reticências – apenas uma escama
com que agasalho o mundo.
Catarina Nunes de Almeida
5 Comments:
De cada vez que chego aqui, sei que encontro alimento. Como hoje. Vou ficar a sonhar com uma linguagem de gestos verdes, carinhosos. Com um mergulho do corpo na terra mole, depois de pisada e vindimada.
São tão, tão lindos, os teus posts.
obrigada, obrigada, fico mesmo sem jeito com os elogios.
se me conhecesses saberias que neste momento a lebre está com um riso de orelha a orelha e corada até ao tutano.
absolutamente lindo, o poema e a imagem. reconhecimento total. e lindo está o blog. também adoro vestir-me de vermelho no inverno! :) \o/
oh a catarina nunes de almeida! que boa surpresa! desde que li o tratado de botânica da joana serrado, que fiquei cheia de vontade de ler a catarina. ainda bem que fizeste este post.
incrível.
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