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sexta-feira, junho 08, 2007

tradução caseira da lebre


Ele disse, não quero uma dessas coisas cá em casa. Dá uma falsa noção de beleza a uma menina, já para não falar de anatomia.
Se uma mulher fosse feita assim cairia de borco.

Ela disse, se não a deixarmos ter uma como todas as meninas, ela vai-se sentir isolada. Vai-se tornar num problema. Vai ansiar por uma e vai querer ser uma. A repressão gera sublimação, sabes bem isso.

Ele disse, não são só as mamas de plástico pontiagudas, são as roupas. As roupas e aquele estúpido boneco masculino, como é que ele se chama, aquele com a roupa interior colada.

Ela disse, é melhor despachar isto enquanto ela é pequena.

Ele disse, está bem, mas não me deixes ver.

Veio a sibilar pelas escadas abaixo, atirada como uma seta. Completamente nua. O cabelo tinha sido cortado, a cabeça virada de trás para a frente, faltavam-lhe alguns dedos dos pés, e estava toda tatuada com arabescos de tinta roxa. Atingiu o vaso das azáleas, tremeu por um momento, como um anjo remendado e caiu.

Ele disse, acho que estamos safos, o perigo já passou.



Margaret Atwood



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2 Comments:

Blogger starfish said...

gostei d tradução, deu direito a post, até pq o tema já vinha sendo alvo d reflexão :)

10/6/07 03:27  
Blogger lebredoarrozal said...

obrigada:)

13/6/07 03:11  

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