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quarta-feira, maio 16, 2007

Um longínquo adeus


Falámos, melancólicos, às três da madrugada,
tristes, não demasiado bêbedos,
naquele ruidoso bar para noctívagos.
Curiosamente, insistimos no tema da morte,
e recordou-me outras conversas, outro tempo,
embora neste momento, fosse uma morte próxima - muito
pouco literária -
sórdida e tangível como as manchas da toalha.
Na porta ao sair ficámos sérios,
sabíamos que de novo nos separávamos
e fingimos esquecê-lo com uma expressão banal.
Hoje, não sei porquê, voltam essas imagens
e gostaria de reviver aquela noite,
nem melhor nem pior, o que foi, simplesmente.
Reter por um momento, só por um momento,
a humidade dos teus olhos, o rito do teu sorriso,
o que me chega como uma pintura desbotada,
ou como, ao despedir-nos, as gotas de chuva no vidro do carro,
a desenharem um caminho, a resvalarem, a apagarem-se.



Juan Luis Panero



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2 Comments:

Blogger Menina Limão said...

foda-se. esse doi por antecipação.

(desculpa o palavrão a manchar este lugar tão lindo.)

16/5/07 22:05  
Anonymous Anónimo said...

se eu me escondesse do mundo seria assim...

16/5/07 22:28  

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