A quem deixar o meu guarda-roupa oculto
o guarda-roupa fantasma
de todos os vestidos
que tive e que me abandonaram
os vestidos
que nunca tive e que vesti em segredo
O vestido que veio demasiado cedo
e que nunca me caiu bem
o vestido
que chegou já tarde
para ir à festa
quando eu já tinha adormecido
O vestido de criança
tão igual ao vestido
da primeira boneca
O da menina com o corpete já estreito
que apertava os seios doendo-lhe em casulo
O da adolescente que pressentia o homem
ladrão de túnicas na sesta sufocante
O vestido esquecido
da mulher que sob a sombra
do homem eclipse ocultou-se uma noite
e amanheceu como a lua cheia
surpreendida pela luz na metade do céu
O vestido de guerra rasgado
como bandeira
da mãe partida em dois
para sentir-se inteira
O vestido de luto que não levei para os meus
mortos
que ainda vivem
Os vestidos que alguém me emprestou para sonhar
...Quando chegar a morte também será um vestido
que não verei porque estarei a dormir.
Josefina Plá
o guarda-roupa fantasma
de todos os vestidos
que tive e que me abandonaram
os vestidos
que nunca tive e que vesti em segredo
O vestido que veio demasiado cedo
e que nunca me caiu bem
o vestido
que chegou já tarde
para ir à festa
quando eu já tinha adormecido
O vestido de criança
tão igual ao vestido
da primeira boneca
O da menina com o corpete já estreito
que apertava os seios doendo-lhe em casulo
O da adolescente que pressentia o homem
ladrão de túnicas na sesta sufocante
O vestido esquecido
da mulher que sob a sombra
do homem eclipse ocultou-se uma noite
e amanheceu como a lua cheia
surpreendida pela luz na metade do céu
O vestido de guerra rasgado
como bandeira
da mãe partida em dois
para sentir-se inteira
O vestido de luto que não levei para os meus
mortos
que ainda vivem
Os vestidos que alguém me emprestou para sonhar
...Quando chegar a morte também será um vestido
que não verei porque estarei a dormir.
Josefina Plá
3 Comments:
já sentia o vazio de um novo poema. habituas-nos mal com as tuas diárias .
:)
O TEU ALICE É O MEU LIVRO DE POESIA PREFERIDO.
a palavra adorar é não poucas vezes mal usada ou desvalorizada. mas é das minhas palavras preferidas, sabe-me bem usá-la no contexto certo.
como aqui, quando digo que adoro o teu cantinho.
oh estou tão sentimentalona. cala-te, limão.
(é de não ter tempo para a blogosfera. quando volto, pronto, parece que venho a fátima cumprir promessas. amen)
meninas, meninas, a lebre está corada até ao tutano.
obrigada:)
Enviar um comentário
<< Home