Ela disse: Sou uma cidade esquecida.
Ele disse: Sou um rio.
Ficaram em silêncio à janela
cada um à sua janela
olhando a sua cidade, o seu rio.
Ela disse: Não sou exactamente uma cidade.
Uma cidade é diferente de uma cidade
esquecida.
Ele disse: Sou um rio exacto.
Agora na varanda
cada um na sua varanda
pedindo: Um pouco de ar entre nós.
Ela disse: Escrevo palavras nos muros que pensam em ti.
Ele disse: Eu corro.
De telefone preso entre o rosto e o ombro
para que ao menos se libertassem as mãos
cada um com as suas mãos libertas.
Ela temeu o adeus, disse: Sou uma cidade esquecida.
Ele riu.
Filipa Leal
Ele disse: Sou um rio.
Ficaram em silêncio à janela
cada um à sua janela
olhando a sua cidade, o seu rio.
Ela disse: Não sou exactamente uma cidade.
Uma cidade é diferente de uma cidade
esquecida.
Ele disse: Sou um rio exacto.
Agora na varanda
cada um na sua varanda
pedindo: Um pouco de ar entre nós.
Ela disse: Escrevo palavras nos muros que pensam em ti.
Ele disse: Eu corro.
De telefone preso entre o rosto e o ombro
para que ao menos se libertassem as mãos
cada um com as suas mãos libertas.
Ela temeu o adeus, disse: Sou uma cidade esquecida.
Ele riu.
Filipa Leal
4 Comments:
um dos poemas que mais me emocionaram nos últimos tempos.
]beating hearts feel alike?[
flores para ti.
lebre, lebre, ai, esse é o poema mais parecido com A Voz Humana que eu já li! o livro é-me doloroso, como sabes...inevitável este aperto no peito.
vou colar este post na testa. ou antes, vou colá-lo na língua, preso por um cordel ao coração.
(aliás, vou fazer melhor. até já)
este poema é fabuloso:)
sim,menina linda, eu sei, tb me lembra mto o voz humana...e o telephone call da dorothy parker.
lindíssimo
(obrigada, não conhecia )
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