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quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Não adormeças: o vento ainda assobia no meu quarto
e a luz é fraca e treme e eu tenho medo
das sombras que desfilam pelas paredes como fantasmas
da casa e de tudo aquilo com que sonhes.

Não adormeças já. Diz-me outra vez do rio que palpitava
no coração da aldeia onde nasceste, da roupa que vinha
a cheirar a sonho e a musgo e ao trevo que nunca foi
de quatro folhas; e das ervas mais húmidas e chãs
com que em casa se cozinhavam perfumes que ainda hoje
te mordem os gestos e as palavras.

O meu corpo gela à míngua dos teus dedos, o sol vai
demorar-se a regressar. Há tempo para uma história
que eu não saiba e eu juro que, se não adormeceres,
serei tão leve que não hei-de pesar-te nunca na memória,
como na minha pesará para sempre a pedra do teu sono
se agora apenas me olhares de longe e adormeceres.



Maria do Rosário Pedreira



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3 Comments:

Blogger bookworm said...

é lindo, este poema. :)

1/2/07 21:32  
Blogger Menina Limão said...

marota, repetiste este poema. e ainda bem, podias repeti-lo sempre... adoro-o!

1/2/07 23:55  
Blogger lebredoarrozal said...

é lindo, e adapta-se bem ao momento.
só tu para reparares na repetição:P

2/2/07 00:04  

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