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quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Chegam cedo de mais, quando ainda não podem escolher
nem decidir Vêm carregados de espectros, de memórias
e de feridas que não souberam sarar; mas trazem a confiança
da cura nas palavras. Convencem-se de que amam outra vez

quando nos tocam os pequenos lugares, esquecendo-se do rumo
incerto dos seus passos nas estradas tortuosas que os
trouxeram. Abafam-se num cobertor de mentiras sem saber e
falam de injustiça quando tentamos chamá-los à verdade.

Dormem de vez em quando nas nossas camas e protegemo-los
da dor como aos filhos que não iremos ter nunca
porque não nos resignamos a perdê-los. E, um dia, partem, vão

culpados, não chegam a explicar o que os arrasta. Escrevem
cartas mais tarde — uma ou duas para se aliviarem dessa espada.
E nós ficamos, eternamente, sem vergonha, à espera que regressem.



Maria do Rosário Pedreira



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3 Comments:

Blogger ana marta said...

essas palavras doem-me ...

28/2/07 12:57  
Blogger Menina Limão said...

não, este feriu mesmo muito muito muito muito.

(Maria do Rosário Pedreira tem dado os melhores posts, mas este é...é tão doloroso que vou ter de to roubar)

28/2/07 18:38  
Blogger lebredoarrozal said...

doem mesmo muito, a maria do rosário pedreira é brutal quando magoa.

1/3/07 01:53  

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