quarta-feira, novembro 29, 2006
mais uma tradução caseira da lebre
Fazer um homem (II)
Método de massapão
Qualquer receita de biscoitos serve, mas acrescentem gengibre extra, se quiserem resultados mais animados; e as nossas leitoras que escolheram este método geralmente querem! Passas fazem bons olhos e umbigos, mas podem usar aquelas drageias pequeninas prateadas desde que tenham cuidado para não partir os dentes com elas.
Quando tirarem o vosso homem do forno podem ter problemas em segura-lo, os homens feitos desta maneira são capazes de se fazer à estrada, com motas ou sem elas, a roubar lojas de conveniência, a tatuarem-se, e ao pé-coxinho cantarem “Run! Run! As fast as you can! You can't catch me, I'm the gingerbread man! ” Atar um cordel à perna antes de ir ao forno pode ajudar, mas, enfim – na nossa experiência, não por muito tempo.Há uma coisa boa a ser dita sobre este método: estes gajos são deliciosos, suficientemente bons para comer.
Margaret Atwood
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Fazer um homem (II)
Método de massapão
Qualquer receita de biscoitos serve, mas acrescentem gengibre extra, se quiserem resultados mais animados; e as nossas leitoras que escolheram este método geralmente querem! Passas fazem bons olhos e umbigos, mas podem usar aquelas drageias pequeninas prateadas desde que tenham cuidado para não partir os dentes com elas.
Quando tirarem o vosso homem do forno podem ter problemas em segura-lo, os homens feitos desta maneira são capazes de se fazer à estrada, com motas ou sem elas, a roubar lojas de conveniência, a tatuarem-se, e ao pé-coxinho cantarem “Run! Run! As fast as you can! You can't catch me, I'm the gingerbread man! ” Atar um cordel à perna antes de ir ao forno pode ajudar, mas, enfim – na nossa experiência, não por muito tempo.Há uma coisa boa a ser dita sobre este método: estes gajos são deliciosos, suficientemente bons para comer.
Margaret Atwood
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domingo, novembro 26, 2006
todos por um
A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza
Santos
Mártires
e Heróis
Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.
Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a ponto de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum
Mário Cesariny
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entre nós e as palavras o nosso dever de falar
A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza
Santos
Mártires
e Heróis
Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.
Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a ponto de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum
Mário Cesariny
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entre nós e as palavras o nosso dever de falar
sábado, novembro 25, 2006
sexta-feira, novembro 24, 2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
esperei-te. deixei que se ocupassem os dedos
de pequenas coisas que não te soubessem
durante um minuto inteiro fingi o olhar
distraindo-se do tempo que não te trouxe.
(...)
Pedro
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sim, sim assaltei-lhe o blog!!! (A girl's got to do what a girl's got to do)
de pequenas coisas que não te soubessem
durante um minuto inteiro fingi o olhar
distraindo-se do tempo que não te trouxe.
(...)
Pedro
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sim, sim assaltei-lhe o blog!!! (A girl's got to do what a girl's got to do)
terça-feira, novembro 21, 2006
gala royal, green smith, red delicious, golden, reineta, pink lady, starking, tantas maçãs diferentes e os dias todos iguais, nunca uma promoção, na compra de uma semana completa ganhe 20% de dia, ou compre dois dias felizes e leve três, nunca um brinde para clientes habituais, três horas com o formato de primavera, ou um expositor com dias defeituosos em saldo, uns minutos desperdiçados ou umas horas adormecidas, descontos, dias mais baratos, se os dias não possuíssem a monótona qualidade de serem todos iguais podiam vender-se na secção dos hortícolas, dias alegres, melancólicos, terríveis, correntes, calmos, murchos, dias 100% biológicos, embalados ou avulso, tantas maçãs diferentes e os dias todos iguais.
Dulce Maria Cardoso
Dulce Maria Cardoso
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mais uma vez desce as escadas
para falar de ausências
tem medo e em dias curtos decide
envelhecer no interior da casa
ao sono conhece-o como fuga ao silêncio
um dia escreveu (era domingo) sobre os vestígios
da respiração nos pequenos nadas
anos depois refugia-se no outono como
quem vê a vida toda nas folhas
Maria Sousa
para falar de ausências
tem medo e em dias curtos decide
envelhecer no interior da casa
ao sono conhece-o como fuga ao silêncio
um dia escreveu (era domingo) sobre os vestígios
da respiração nos pequenos nadas
anos depois refugia-se no outono como
quem vê a vida toda nas folhas
Maria Sousa
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segunda-feira, novembro 20, 2006
Não digas que eu não estava à janela,
que não foi para ti o que não viste.
Há tanta coisa que não sabes, não digas.
Um dia ver-me-ás à janela de ontem
com a roupa que hei-de vestir amanhã.
Até lá pensa que me sonhaste. Nem eu mesma sei
o que fiz nesse dia. Mas a janela guarda os meus dedos
como tu me guardas. O tempo é uma invenção recente.
Era uma vez essa mulher que viste. Retira o vidro,
a moldura, e não te esqueças de abrir o horizonte.
Rosa Alice Branco
que não foi para ti o que não viste.
Há tanta coisa que não sabes, não digas.
Um dia ver-me-ás à janela de ontem
com a roupa que hei-de vestir amanhã.
Até lá pensa que me sonhaste. Nem eu mesma sei
o que fiz nesse dia. Mas a janela guarda os meus dedos
como tu me guardas. O tempo é uma invenção recente.
Era uma vez essa mulher que viste. Retira o vidro,
a moldura, e não te esqueças de abrir o horizonte.
Rosa Alice Branco
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quinta-feira, novembro 16, 2006
quarta-feira, novembro 15, 2006
O meu corpo nu está aqui
e não noutro lugar.
Passa e verás o que está
sob o esmalte dos dentes.
Passa e verás.
A minha cara não é a minha cara.
A pequenina menina sem nome
a boneca com lágrima.
Por favor por favor por favor
Leva-me a casa.
Por favor por favor
brinca comigo.
A autómata protege-me
Com o seu corpo de miúda bonita de goma homologada.
Tão doce, tão doce a perfeito
no seu ventre vazio soa o mar.
As pessoas adoram isso.
Adoram a concha sob a qual o caranguejo ermitão sobrevive.
As pessoas preferem as conchas, levam-nas para casa
encostam-nas ao ouvido
escutam-nas.
Miriam Reyes
e não noutro lugar.
Passa e verás o que está
sob o esmalte dos dentes.
Passa e verás.
A minha cara não é a minha cara.
A pequenina menina sem nome
a boneca com lágrima.
Por favor por favor por favor
Leva-me a casa.
Por favor por favor
brinca comigo.
A autómata protege-me
Com o seu corpo de miúda bonita de goma homologada.
Tão doce, tão doce a perfeito
no seu ventre vazio soa o mar.
As pessoas adoram isso.
Adoram a concha sob a qual o caranguejo ermitão sobrevive.
As pessoas preferem as conchas, levam-nas para casa
encostam-nas ao ouvido
escutam-nas.
Miriam Reyes
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terça-feira, novembro 14, 2006
sábado, novembro 11, 2006
sexta-feira, novembro 10, 2006
Sugestão da lebre para bem celebrar o São Martinho
Aproveitando os saborosos calores do Verão de S. Martinho, a Da Mariquinhas – Bar /Livraria de Poesia – convida VEXA para a apresentação pública do seu espaço e respectivos atributos barístico-literários, este Sábado, dia 11, das 16h em diante.
Entre castanhas e água-pé, ilustres amigos e artistas convidados prometem animar a festa com improvisações musicais e récitas várias para adultos e crianças.
O estabelecimento, único no seu segmento, ao mesmo tempo muito moderno e muito intigo, fica no Largo de Santo Antoninho, no prazenteiro bairro da Bica, em Lisboa.
Aberta de Quarta a Domingo, entre o meio-dia e a meia-noite (quem diz meia-noite, diz duas da manhã, assim a conversa esteja boa), esta nova casa Da Mariquinhas tem paredes amarelas e uma colecção incompleta de retratos de tipos excepcionais, cíclicos de cinema, uma selecção musical que não envergonha ninguém e muita da melhor poesia publicada em todo o mundo.
Mais garantimos o televisionamento dos grandes derbies futebolísticos e seu indispensável tremoço, memoráveis tostas, sopas, compotas e álcoois fortes. Ocasionalmente, na esplanada sob as árvores, ouvem-se gaivotas, modas sertanejas e polémicas avinagradas.
Aproveitando os saborosos calores do Verão de S. Martinho, a Da Mariquinhas – Bar /Livraria de Poesia – convida VEXA para a apresentação pública do seu espaço e respectivos atributos barístico-literários, este Sábado, dia 11, das 16h em diante.
Entre castanhas e água-pé, ilustres amigos e artistas convidados prometem animar a festa com improvisações musicais e récitas várias para adultos e crianças.
O estabelecimento, único no seu segmento, ao mesmo tempo muito moderno e muito intigo, fica no Largo de Santo Antoninho, no prazenteiro bairro da Bica, em Lisboa.
Aberta de Quarta a Domingo, entre o meio-dia e a meia-noite (quem diz meia-noite, diz duas da manhã, assim a conversa esteja boa), esta nova casa Da Mariquinhas tem paredes amarelas e uma colecção incompleta de retratos de tipos excepcionais, cíclicos de cinema, uma selecção musical que não envergonha ninguém e muita da melhor poesia publicada em todo o mundo.
Mais garantimos o televisionamento dos grandes derbies futebolísticos e seu indispensável tremoço, memoráveis tostas, sopas, compotas e álcoois fortes. Ocasionalmente, na esplanada sob as árvores, ouvem-se gaivotas, modas sertanejas e polémicas avinagradas.
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quinta-feira, novembro 09, 2006
terça-feira, novembro 07, 2006
Interrompemos a programação habitual para compromissos culturais
"aguasfurtadas" "nº10
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a programação segue dentro de umas horas
"aguasfurtadas" "nº10
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a programação segue dentro de umas horas
Não moro
Não moro não quero mudar nunca.
Habito nos campos casas da casa
pluma de todos os úteros.
Mordo à chuva a casca dos animais
e já não sei se existo por baixo da pele
se por baixo da penugem das aves que passam.
Rocha por onde roçam anfíbios
eu sou todos os anfíbios
o dia em que nasce
em nenhuma cama.
catarina nunes de almeida
Não moro não quero mudar nunca.
Habito nos campos casas da casa
pluma de todos os úteros.
Mordo à chuva a casca dos animais
e já não sei se existo por baixo da pele
se por baixo da penugem das aves que passam.
Rocha por onde roçam anfíbios
eu sou todos os anfíbios
o dia em que nasce
em nenhuma cama.
catarina nunes de almeida
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segunda-feira, novembro 06, 2006
sábado, novembro 04, 2006
sexta-feira, novembro 03, 2006
Claro que sou capaz de ver-te. (Ele obriga-a a adivinhar)........................... O lenço que puseste ao pescoço?......................... É o lenço vermelho............................. Ah!......................... Um pouco descaída para a esquerda......................... .......As mangas do roupão arregaçadas.................... na mão esquerda? tens o telefone. Na direita a caneta. desenhas no mata-borrão perfis, corações, estrelas. Ris-te? Não sei porquê. Reduzida a ouvir-te, vejo com os ouvidos.
Jean Cocteau
Jean Cocteau
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