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segunda-feira, março 27, 2006

Eu morria de ti

Eu morria de ti
Mas tu eras o meu viver

Tu ias comigo
Tu cantavas em mim
Quando percorria as ruas
Sem nenhum destino
Tu ias comigo
Tu cantavas em mim

Tu convidavas os pardais apaixonados do meio das árvores
Para a manhã da janela
Quando a noite se embaciava
Quando a noite não se acabava
Tu convidavas os pardais apaixonados do meio das árvores
Para a manhã da janela

Tu davas as tuas mãos
Tu davas o teu carinho
Quando eu tinha fome
Tu davas a tua vida
Tu eras generoso como a luz
Tu vinhas ao nosso beco com as tuas luzes
Tu vinhas com as tuas luzes
Quando as crianças partiam
E as pétalas das acácias adormeciam
E eu ficava sozinha no espelho
Tu vinhas com as tuas luzes…
Tu colhias as pétalas
E cobrias as minhas madeixas
Quando as minhas madeixas tremiam de desejo
Tu colhias as pétalas

Tu encostavas o teu rosto
À inquietude do meu peito
Quando eu
Não tinha mais nada para dizer
Tu encostavas o teu rosto
À inquietude do meu peito
E escutavas
O meu sangue que corria
A minha paixão lacrimejante que morria

Tu ouvias-me
Mas não me vias


Forugh Farrokhzad


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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Belíssimo poema, belíssima imagem. "Demasiado" femenina?

27/3/06 14:07  
Blogger lebredoarrozal said...

obrigada, muito obrigada

28/3/06 01:11  
Blogger João Villalobos said...

O poema é fantástico!
Mas não resisto a dizer que costuma ser ao contrário: ver uma mulher e não a ouvir ;)

28/3/06 15:09  
Blogger lebredoarrozal said...

:)
os poemas da forugh são todos fantásticos

28/3/06 21:16  

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