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terça-feira, janeiro 24, 2006

História dum coelhinho que nasceu numa couve

Como os pais do coelhinho nunca mais aparecessem, a couve passou a cuidar dele como se do seu próprio filho se tratasse.
Com ervinhas tenras que cresciam ao seu redor, a couve foi criando o coelhinho dentro do seu seio até que este passou a procurar a sua própria alimentação.
O coelhinho, que tinha um coração muito bondoso, retribuindo o afecto que a couve lhe dedicava, considerava-a como sua verdadeira mãe.
A mãe couve e o seu filhinho adoptivo foram vivendo muito felizes até que um dia uma praga de gafanhotos se abateu sobre aquelas terras.
O coelhinho, ao ver que aqueles insectos vorazes devoravam tudo o que era verde, cobriu com o seu próprio corpo o corpo da mãe couve e assim conseguiu que os gafanhotos pouco dano lhe fizessem.
Quando aqueles insectos daninhos levantaram voo, os campos em volta passaram a ser um imenso deserto de areias e pedra.
O pobre coelhinho, que sempre tinha vivido nas proximidades da sua mãe couve, teve de deslocar-se para muitos quilómetros de distância a fim de procurar comida.
Mas já nada havia que se pudesse mastigar naquelas terras.
Passaram muitos dias e o pobre coelhinho estava cada vez mais magro, mais magro e faminto.
Então a mãe couve disse-lhe assim:
- Ouve meu filho: é a lei da vida que os velhos têm de dar o lugar aos novos; por isso só vejo uma solução: assim como tu viveste durante algum tempo no meu seio, passarei a ser eu agora a viver dentro do teu. Compreendes, meu filho, o que eu quero dizer?
O pobre coelhinho compreendeu e, embora com grande tristeza na alma, não teve outro remédio, comeu a mãe.

Pedro Oom



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4 Comments:

Blogger maria joão said...

do mário henrique leiria, dito por mário viegas, o que me lembro. :)

24/1/06 02:49  
Blogger João Villalobos said...

O coelho da fotografia parece incapaz de comer a mãe...Sonso!!!

24/1/06 18:17  
Blogger lebredoarrozal said...

as aparências iludem :)

24/1/06 21:29  
Blogger margarete said...

a expressão "coelhinho" dá uma entoação enganosa à dureza do texto

lembra uma canção do Caetano - Coração Materno

24/1/06 22:12  

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