abraço o teu rosto transparente com as duas mãos que
tenho, coração ferida. és de água e dos olhos escorres-me
como eu. de olhos abertos, marítimos de luz.
oiço a dor no fundo dos teus gestos. um sereno rio
quente
viajamos para dentro um do outro, para onde não
queremos ser nus, e mergulhamos no tempo cortado.
abraço o teu rosto quando tinhas oitos anos e muitos
Invernos crucificados no segredo, as paisagens rasgadas, a
fonte da vida gelada, e viajamos dentro das nossas mãos.
penetramos o silêncio um do outro. nus, magoados de
morte, na solidão primeira.
o teu rosto, disforme de sombras, e eu misturando o
meu rosto nele,
fazendo o meu rosto no teu rosto, sulco a sulco. corre a
água vermelha nos olhos abertos, marítimos de luz.
deixa-me porque sou eu a morrer
e as mãos tocam o silêncio gritante a ferida-tudo, a
solidão do corte.
recebe o meu corpo, quero apenas a tua morte inteira
beijo os teus desertos de sangue um a um, a imagem da
pedra feita vida jorrando, vermelha, tu és o meu espaço e o
meu tempo.
eu sou a ferida e tu és o deserto
estou de olhos abertos pelo sono dos dias fora, pelas
manhãs dentro, pelo golpe vivo.
crucificados um no outro, rebentando fontes por onde
morríamos.
Pedro Sena-Lino
tenho, coração ferida. és de água e dos olhos escorres-me
como eu. de olhos abertos, marítimos de luz.
oiço a dor no fundo dos teus gestos. um sereno rio
quente
viajamos para dentro um do outro, para onde não
queremos ser nus, e mergulhamos no tempo cortado.
abraço o teu rosto quando tinhas oitos anos e muitos
Invernos crucificados no segredo, as paisagens rasgadas, a
fonte da vida gelada, e viajamos dentro das nossas mãos.
penetramos o silêncio um do outro. nus, magoados de
morte, na solidão primeira.
o teu rosto, disforme de sombras, e eu misturando o
meu rosto nele,
fazendo o meu rosto no teu rosto, sulco a sulco. corre a
água vermelha nos olhos abertos, marítimos de luz.
deixa-me porque sou eu a morrer
e as mãos tocam o silêncio gritante a ferida-tudo, a
solidão do corte.
recebe o meu corpo, quero apenas a tua morte inteira
beijo os teus desertos de sangue um a um, a imagem da
pedra feita vida jorrando, vermelha, tu és o meu espaço e o
meu tempo.
eu sou a ferida e tu és o deserto
estou de olhos abertos pelo sono dos dias fora, pelas
manhãs dentro, pelo golpe vivo.
crucificados um no outro, rebentando fontes por onde
morríamos.
Pedro Sena-Lino
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