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sexta-feira, setembro 09, 2005

I

vejo-te na soleira da porta
hesitas. em cena apenas estou eu
penso em mudar-me mas entre erros
e desculpas falta-me espaço

se contares histórias serão daquelas que
ninguém quer ouvir
relatos de passeios de domingo onde há sempre ruínas
sim, restaram apenas ruínas escavadas no interior dos olhos

II

entras, não tens medo
rodeado de olhares com sono que ainda não sabem
que as palavras são sempre as mesmas
(uma espécie de cerimónia onde te repetes para evitar a morte)

mentimos os dois sobre uma história feita de fragmentos

dizes que nem sempre o guião é o mesmo
mas repetes-me o teu monólogo ao ouvido

“deixa-me sair” vou abandonar a personagem
que balança no vazio

ultima tentativa: observo-te e tu já não me vês
conheces-me tão pouco, não, isto…
isto não é um dueto, é um duelo

friamente o silêncio cai sobre nós
não há vozes nem adereços
(a cena está vazia)

há apenas uma cortina de vento onde as palavras
nunca se moldaram


eue


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3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

a chave está no coração à flor da pele dela... díptico magnífico;)

9/9/05 02:29  
Blogger Amélia said...

Gostei de a ler, lebre!Bom dia!

9/9/05 08:39  
Blogger margarete said...

:)
bonito.

9/9/05 13:22  

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