mais uma traduçao caseira:)de um poema que adoro
Há mil portas atrás
quando eu era uma miúda solitária
numa casa grande com quatro
garagens e era verão
desde sempre,
da noite deitada na relva,
com os trevos a enrugarem-se por cima de mim
as estrelas sábias deitadas sobre mim,
a janela da minha mãe um funil
de calor amarelo a escorrer
a janela do meu pai, meia fechada,
um olho onde adormecidos passavam,
e as tábuas da casa
eram macias e brancas como a cera
e provavelmente um milhão de folhas
velejavam nos seus caules estranhos
enquanto os grilos faziam tiquetaque em uníssono
e eu, no meu corpo recém estreado,
que ainda não era o de uma mulher,
dizia às estrelas as minhas perguntas
e pensava que Deus poderia mesmo ver
o calor e a luz pintada,
cotovelos, joelhos, sonhos, boa noite.
Anne Sexton
Há mil portas atrás
quando eu era uma miúda solitária
numa casa grande com quatro
garagens e era verão
desde sempre,
da noite deitada na relva,
com os trevos a enrugarem-se por cima de mim
as estrelas sábias deitadas sobre mim,
a janela da minha mãe um funil
de calor amarelo a escorrer
a janela do meu pai, meia fechada,
um olho onde adormecidos passavam,
e as tábuas da casa
eram macias e brancas como a cera
e provavelmente um milhão de folhas
velejavam nos seus caules estranhos
enquanto os grilos faziam tiquetaque em uníssono
e eu, no meu corpo recém estreado,
que ainda não era o de uma mulher,
dizia às estrelas as minhas perguntas
e pensava que Deus poderia mesmo ver
o calor e a luz pintada,
cotovelos, joelhos, sonhos, boa noite.
Anne Sexton
9 Comments:
Títalo deste maravilhoso comentário "A Maldição da Carraçita comentadora - O Regresso - Parte 2 - Versão 123 Beta"
Hehe, cá estou em outra vez a sugar a energia todinha das tuas palavras traduzidas! A carraçita sanguinária não conhecia ainda este poema, nem mesmo a sua autora. Mas gostou! Agora deixáste o bichinho com o bichinho de ler outros poemas de Anne Sexton! O que vale é que esta carraçita é a única que consegue utilizar o Google (versão para animais pequenos, claro) na sua plenitude. Ah, e quando li o poema pela primeira vez tive imediatamente uma sensação de dejá vu... Mas só foi preciso ler o poema 1436 vezes para descobrir o porque dessa sensação, que parece que que temos carraças a andar pelo nosso esbelto corpo. A verdade é que eu estive presente naquela noite ao lado da Anne! Pois é, estive lá, e foi esta passagem que acendeu uma lusinha ao fundo do túnel do meu pequeno (mas esperto!) cérebro de carraça.
"enquanto os grilos faziam tiquetaque em uníssono"
A verdade é que eu tinha o meu relógio avariado durante esse verão e a única maneira de saber as horas durante a noite era contar os tiquetaques dos meus amigos grilos. Obrigado por me despertares tão boas memórias... Ainda sinto na minha boquita o sabor do sangue da menina que "chupei" enquanto ela fazia perguntas às pouco faladoras estrelas... Yaaaami!!!
Bejinhos carraçentos para ti!
i love your blog !
=)
=)
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Adoro caras sardentas. E não conhecia a autora, gosto dos poemas dela. :)
eu sou completamente apaixonada pela poesia dela
eu também! e gosto do modo caseiro como a traduzes...
muito bonito e de quem é a carinha? da Anne Sexton?
hummm...
não, da alice, de uma versão dos anos 60
bem que desconfiei.... e já suspeitava que eras uma menina muito bonita ";O))
gostei. e do que eu gostei mais foi da tradução, sem sequer conhecer o original.
il gatopardo
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