quarta-feira, outubro 31, 2012
terça-feira, outubro 30, 2012
sexta-feira, outubro 19, 2012
8º número da revista mailinda do mundo
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Etiquetas: Interrompemos a programação habitual para compromissos culturais, Interrompemos a programação habitual para compromissos emocionais
quarta-feira, outubro 17, 2012
segunda-feira, outubro 15, 2012
o Alice faz 10 anos.
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era uma vez um blog
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" Não posso acreditar", disse Alice. " Ai não?", perguntou a Rainha Branca em tom condoído. " Tenta outra vez; inspira fundo e fecha os olhos." Alice riu, " Não vale a pena tentar", disse: "Uma pessoa não pode acreditar em coisas impossíveis. " Atrevo-me a dizer que não tens muita prática ", disse a Rainha. " Quando tinha a tua idade, fazia sempre isso meia hora por dia. Ora, cheguei a acreditar em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço."
Lewis Carroll
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era uma vez um blog
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" Não posso acreditar", disse Alice. " Ai não?", perguntou a Rainha Branca em tom condoído. " Tenta outra vez; inspira fundo e fecha os olhos." Alice riu, " Não vale a pena tentar", disse: "Uma pessoa não pode acreditar em coisas impossíveis. " Atrevo-me a dizer que não tens muita prática ", disse a Rainha. " Quando tinha a tua idade, fazia sempre isso meia hora por dia. Ora, cheguei a acreditar em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço."
Lewis Carroll
domingo, outubro 14, 2012
De vez em quando a insónia vibra com a nitidez dos sinos, dos cristais. E então, das duas uma: partem-se ou não se partem as cordas tensas da sua harpa insuportável.No segundo caso, o homem que não dorme pensa: «o melhor é voltar-me para o lado esquerdo e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a metade mais gasta do meu corpo, esmagar o coração».
Carlos de Oliveira
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Carlos de Oliveira
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Etiquetas: reviver o passado em there's only 1 alice, velharias
quarta-feira, outubro 10, 2012
tradução “caseira” da lebre
Sou o único actor.
É difícil para uma mulher
interpretar uma peça inteira.
A peça é a minha vida,
o meu acto único.
O meu correr atrás das mãos
e nunca as apanhar
(as mãos não se vêem -
ou seja, estão nos bastidores)
Tudo o que faço em cena é correr,
correr para acompanhar
mas sem o conseguir.
De repente paro de correr.
(isto avança um bocado com o enredo)
Faço discursos, centenas,
todos orações, todos solilóquios.
Digo coisas absurdas como:
ovos não podem discutir com pedras,
ou, mantenham os vossos braços partidos dentro das mangas,
ou, estou aqui de pé mas a minha sombra está torta.
E tal e tal.
Muitos buhs. Muitos buhs.
Apesar disso eu continuo para as ultimas deixas:
Estar sem Deus é ser uma cobra
que quer engolir um elefante.
A cortina cai.
A assistência apressa-se a sair
foi uma má interpretação.
Porque sou o único actor
e há poucos humanos cujas vidas
farão uma peça interessante,
não concordam?
Anne Sexton
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Sou o único actor.
É difícil para uma mulher
interpretar uma peça inteira.
A peça é a minha vida,
o meu acto único.
O meu correr atrás das mãos
e nunca as apanhar
(as mãos não se vêem -
ou seja, estão nos bastidores)
Tudo o que faço em cena é correr,
correr para acompanhar
mas sem o conseguir.
De repente paro de correr.
(isto avança um bocado com o enredo)
Faço discursos, centenas,
todos orações, todos solilóquios.
Digo coisas absurdas como:
ovos não podem discutir com pedras,
ou, mantenham os vossos braços partidos dentro das mangas,
ou, estou aqui de pé mas a minha sombra está torta.
E tal e tal.
Muitos buhs. Muitos buhs.
Apesar disso eu continuo para as ultimas deixas:
Estar sem Deus é ser uma cobra
que quer engolir um elefante.
A cortina cai.
A assistência apressa-se a sair
foi uma má interpretação.
Porque sou o único actor
e há poucos humanos cujas vidas
farão uma peça interessante,
não concordam?
Anne Sexton
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segunda-feira, outubro 08, 2012
tradução caseira da lebre
Algumas pessoas vendem o seu sangue. Tu vendes o teu coração.
Era isso ou a alma.
A parte difícil é tirar a maldita coisa para fora.
Uma espécie de torção. Como abrir uma ostra,
a tua espinha, um pulso,
e depois, upa! Está na tua boca.
Viras-te parcialmente do avesso
como uma anémona do mar a cuspir um seixo.
Há um “plop”quebrado, o som
de vísceras de peixe a cair num balde.
E ali está, um enorme coágulo vermelho escuro
do passado ainda-vivo, a cintilar inteiro no prato.
Vai passando de mão em mão. É escorregadio.É deixado cair.
Mas também degustado. Muito grosseiro, diz um. Muito salgado.
Muito amargo, diz outro, fazendo uma cara.
Cada um é um gourmet instantâneo,
e tu ficas a ouvir isto tudo
a um canto, como um empregado de mesa recém-contratado,
a tua mão tímida e habilidosa na ferida escondida
no fundo da camisa e peito,
timidamente, sem coração.
Margaret Atwood
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Algumas pessoas vendem o seu sangue. Tu vendes o teu coração.
Era isso ou a alma.
A parte difícil é tirar a maldita coisa para fora.
Uma espécie de torção. Como abrir uma ostra,
a tua espinha, um pulso,
e depois, upa! Está na tua boca.
Viras-te parcialmente do avesso
como uma anémona do mar a cuspir um seixo.
Há um “plop”quebrado, o som
de vísceras de peixe a cair num balde.
E ali está, um enorme coágulo vermelho escuro
do passado ainda-vivo, a cintilar inteiro no prato.
Vai passando de mão em mão. É escorregadio.É deixado cair.
Mas também degustado. Muito grosseiro, diz um. Muito salgado.
Muito amargo, diz outro, fazendo uma cara.
Cada um é um gourmet instantâneo,
e tu ficas a ouvir isto tudo
a um canto, como um empregado de mesa recém-contratado,
a tua mão tímida e habilidosa na ferida escondida
no fundo da camisa e peito,
timidamente, sem coração.
Margaret Atwood
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quinta-feira, outubro 04, 2012
Assim passam os anos
Passam os anos,
e mesmo que a vida me acuse de imobilidade,
também eu viajei.
Como uma partícula de pó
percorri a casa e e prendi-me aos livros.
Como um insecto repousei na borda dos açudes,
ou simplesmente fui uma mulher que de tarde em tarde
olhou para o mar
procurando barcos esquecidos pela neblina
e que voltam à memória
sem esperança diferente da noite
Lauren Mendinueta
Passam os anos,
e mesmo que a vida me acuse de imobilidade,
também eu viajei.
Como uma partícula de pó
percorri a casa e e prendi-me aos livros.
Como um insecto repousei na borda dos açudes,
ou simplesmente fui uma mulher que de tarde em tarde
olhou para o mar
procurando barcos esquecidos pela neblina
e que voltam à memória
sem esperança diferente da noite
Lauren Mendinueta
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terça-feira, outubro 02, 2012
tradução caseira da lebre
O coração morto
Não é uma tartaruga
Escondida na sua pequenina carapaça verde.
Não é uma pedra para pegar
e por debaixo da tua asa preta.
Não é uma carruagem antiquada de metro.
Não é um pedaço de carvão que tu podes acender.
É um coração morto.
Está dentro de mim.
É um estranho
mas já foi afável,
abrindo e fechando como uma amêijoa
O que me custou, tu não podes imaginar
psis, padres, amantes, filhos, maridos,
amigos e tudo o resto.
O quão caro que foi continuar.
Também devolveu
Não o negues.
Quase que me pergunto se Abril o poderia devolver à vida
Uma tulipa? O primeiro botão?
Mas esses são apenas devaneios meus
a pena que se tem apenas quando se olha para um cadáver.
Como é que ele morreu?
Chamei-lhe MALVADO
disse-lhe, os teus poemas tresandam como vómito.
Não fiquei para ouvir a última frase.
Morreu na palavra MALVADO.
Eu fiz isso com a minha língua.
A língua, dizem os chineses
é como uma faca afiada
mata sem derramar sangue.
Anne Sexton

O coração morto
Não é uma tartaruga
Escondida na sua pequenina carapaça verde.
Não é uma pedra para pegar
e por debaixo da tua asa preta.
Não é uma carruagem antiquada de metro.
Não é um pedaço de carvão que tu podes acender.
É um coração morto.
Está dentro de mim.
É um estranho
mas já foi afável,
abrindo e fechando como uma amêijoa
O que me custou, tu não podes imaginar
psis, padres, amantes, filhos, maridos,
amigos e tudo o resto.
O quão caro que foi continuar.
Também devolveu
Não o negues.
Quase que me pergunto se Abril o poderia devolver à vida
Uma tulipa? O primeiro botão?
Mas esses são apenas devaneios meus
a pena que se tem apenas quando se olha para um cadáver.
Como é que ele morreu?
Chamei-lhe MALVADO
disse-lhe, os teus poemas tresandam como vómito.
Não fiquei para ouvir a última frase.
Morreu na palavra MALVADO.
Eu fiz isso com a minha língua.
A língua, dizem os chineses
é como uma faca afiada
mata sem derramar sangue.
Anne Sexton
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