sábado, janeiro 30, 2010
sexta-feira, janeiro 29, 2010
tradução caseira da lebre
Estes são os tempos que agora nos definem: tempo passado, naquela altura; tempo futuro, ainda não. Vivemos na pequena janela entre eles, o espaço em que apenas recentemente pensamos como parado, e que realmente não é mais pequeno do que a janela de qualquer um.
Margaret Atwood
Estes são os tempos que agora nos definem: tempo passado, naquela altura; tempo futuro, ainda não. Vivemos na pequena janela entre eles, o espaço em que apenas recentemente pensamos como parado, e que realmente não é mais pequeno do que a janela de qualquer um.
Margaret Atwood
quinta-feira, janeiro 28, 2010
A noite deixou-me outra vez transtornada
lentamente a manhã se enche
de palavras que eu sei de certeza
que significavam alguma coisa, mas o quê?
que ontem significavam alguma coisa.
Andar é balançar sobre os pés,
vejo na rua os seres de sangue quente
que tiveram também a inexplicável coragem
de se levantarem
em vez de ficarem deitados.
Nunca ninguém tem a certeza de nada,
de ser amado, de ser abandonado
tudo é possível e tudo é permitido
tudo sucede em alternância.
Agora me lembro o que queria dizer:
enquanto isso não trouxer infelicidade
é uma sensação agradável. Mas no fundo
somos doces como Turkish Delight
numa lata cheia de pregos.
Judith Herzberg
lentamente a manhã se enche
de palavras que eu sei de certeza
que significavam alguma coisa, mas o quê?
que ontem significavam alguma coisa.
Andar é balançar sobre os pés,
vejo na rua os seres de sangue quente
que tiveram também a inexplicável coragem
de se levantarem
em vez de ficarem deitados.
Nunca ninguém tem a certeza de nada,
de ser amado, de ser abandonado
tudo é possível e tudo é permitido
tudo sucede em alternância.
Agora me lembro o que queria dizer:
enquanto isso não trouxer infelicidade
é uma sensação agradável. Mas no fundo
somos doces como Turkish Delight
numa lata cheia de pregos.
Judith Herzberg
segunda-feira, janeiro 25, 2010
sexta-feira, janeiro 22, 2010
quinta-feira, janeiro 21, 2010
quarta-feira, janeiro 20, 2010
terça-feira, janeiro 19, 2010
sábado, janeiro 16, 2010
sexta-feira, janeiro 15, 2010
quarta-feira, janeiro 13, 2010
sábado, janeiro 09, 2010
sexta-feira, janeiro 08, 2010
Nossa maneira de ver e viver reflete - e repete - aquela com que fomos vistos quando éramos somente reflexo no espelho, ou vamos formando uma postura própria com todo o esforço e dor que isso possa exigir?
Sendo contraditórios, somamos hesitação e medo com audácia e fervor. Podemos nos esconder no quarto escuro ou virar a cara para o sol, alternar as duas posturas, gastar e consumir, amealhar e multiplicar. Somos tudo isso. Nossa anistia ou nossa aniquilação.
Lya Luft
Sendo contraditórios, somamos hesitação e medo com audácia e fervor. Podemos nos esconder no quarto escuro ou virar a cara para o sol, alternar as duas posturas, gastar e consumir, amealhar e multiplicar. Somos tudo isso. Nossa anistia ou nossa aniquilação.
Lya Luft
quinta-feira, janeiro 07, 2010
Gostava de dizer-te primeiro como é o teu corpo. De como do teu corpo brotam flores.Em seguida, traçarei um caminho sem te desflorar. Vou ver se consigo. Adiante regarei as flores que precisarem. Entretanto falo-te do meu corpo, conforme for relevante. Se tiver tempo falar-te-ei dos frutos.
Joana Serrado
Joana Serrado
quarta-feira, janeiro 06, 2010
momento narcisista da lebre
Actual, 24 de Dezembro de 2009 (Expresso)
4 estrelas
CRIATURA Nº4
Núcleo Autónomo Calíope, 2009, 168 págs., €7
Esta revista volta a confrontar-nos com um original elenco poético.
Graficamente, o negrume esbateu-se, embora a “Criatura” continue a manifestar o desejo de ser um “grito sem voz”, algures “entre a loucura e a beleza”. Mas o que sobressai, neste quarto número da revista, é a reunião feliz de poetas pertencentes a timbres e gerações muito diferentes. Há autores que aqui nos surgem inesperadamente ‘reabilitados’, com poemas bastante superiores aos que anteriormente tinham publicado em livro – casos de Luís Pedroso ou Ana Salomé. Mais sóbria, a escrita de Maria Sousa é outra agradável presença. São menos aliciantes Nuno Brito, autor até agora de um inquieto mas desigual livro de poemas, e José Carlos Barros, de quem era legítimo esperar melhor. Luís Filipe Parrado, quando não resvala para um lirismo inóquo, revela-se de uma grande e singular mestria. Outros nomes a reter são, certamente, os do quase sempre invisível Miguel Martins (que colabora com dois magníficos e ‘desalinhados’ poemas), de Rui Caeiro e de Rui Miguel Ribeiro. É de salientar, ainda, a cada vez mais nítida veemência dos discursos de David Teles Pereira e Diogo Vaz Pinto. Dir-se-ia, em ambos os casos, que passou a haver uma voz própria, capaz, respectivamente, de vencer o risco do poema curto e do poema longo. Veja-se do primeiro, ‘Reciclagem para C.’: “O deus do Eugénio/ é muito mais verde/ quando lido pelos teus olhos.” E, do segundo, o excelente ‘A Carne Agarrada aos Ossos’ e a aguda consciência desse “desgosto geracional” que “lixou já/ poemas mais que suficientes”. Este ‘desgosto’ prolonga-se, de algum modo, na escolha de poetas traduzidos: Déborah Vukusic (passível de nos lembrar Adília Lopes), Jesús Jiménez Domínguez e os exercícios por vezes fúteis da sobrevalorizada Elena Medel. Dito isto, parece-me evidente estarmos perante um núcleo editorial/poético que reivindica “uma arte que se deixe/ de arrotos místicos”. E, pelo menos nesse aspecto, a batalha está mais do que ganha.
Manuel de Freitas
Actual, 24 de Dezembro de 2009 (Expresso)
4 estrelas
CRIATURA Nº4
Núcleo Autónomo Calíope, 2009, 168 págs., €7
Esta revista volta a confrontar-nos com um original elenco poético.
Graficamente, o negrume esbateu-se, embora a “Criatura” continue a manifestar o desejo de ser um “grito sem voz”, algures “entre a loucura e a beleza”. Mas o que sobressai, neste quarto número da revista, é a reunião feliz de poetas pertencentes a timbres e gerações muito diferentes. Há autores que aqui nos surgem inesperadamente ‘reabilitados’, com poemas bastante superiores aos que anteriormente tinham publicado em livro – casos de Luís Pedroso ou Ana Salomé. Mais sóbria, a escrita de Maria Sousa é outra agradável presença. São menos aliciantes Nuno Brito, autor até agora de um inquieto mas desigual livro de poemas, e José Carlos Barros, de quem era legítimo esperar melhor. Luís Filipe Parrado, quando não resvala para um lirismo inóquo, revela-se de uma grande e singular mestria. Outros nomes a reter são, certamente, os do quase sempre invisível Miguel Martins (que colabora com dois magníficos e ‘desalinhados’ poemas), de Rui Caeiro e de Rui Miguel Ribeiro. É de salientar, ainda, a cada vez mais nítida veemência dos discursos de David Teles Pereira e Diogo Vaz Pinto. Dir-se-ia, em ambos os casos, que passou a haver uma voz própria, capaz, respectivamente, de vencer o risco do poema curto e do poema longo. Veja-se do primeiro, ‘Reciclagem para C.’: “O deus do Eugénio/ é muito mais verde/ quando lido pelos teus olhos.” E, do segundo, o excelente ‘A Carne Agarrada aos Ossos’ e a aguda consciência desse “desgosto geracional” que “lixou já/ poemas mais que suficientes”. Este ‘desgosto’ prolonga-se, de algum modo, na escolha de poetas traduzidos: Déborah Vukusic (passível de nos lembrar Adília Lopes), Jesús Jiménez Domínguez e os exercícios por vezes fúteis da sobrevalorizada Elena Medel. Dito isto, parece-me evidente estarmos perante um núcleo editorial/poético que reivindica “uma arte que se deixe/ de arrotos místicos”. E, pelo menos nesse aspecto, a batalha está mais do que ganha.
Manuel de Freitas
Etiquetas: Interrompemos a programação habitual para compromissos emocionais
terça-feira, janeiro 05, 2010
"The people that you love they change when you leave them behind."
Etiquetas: Interrompemos a programação habitual para compromissos emocionais