#b-navbar { display: none; }

quinta-feira, agosto 31, 2006

Please, please don't eat the daisies, don't eat the daisies, please, please.
Photobucket - Video and Image Hosting
da minha janela vê-se uma espécie muito rara de angústia
tem o corpo que não ousei que me fosse
usa o amor como se fosse a origem da sede
e sossega-se contra o peito da alvorada

da minha janela vê-se uma espécie única de medo
chama-se eu mas diz-se tu
e por vezes nós quando prende a vida
a algo tão falível como a vida

da minha janela não se vê mais nada
ouve-se o silêncio contra mim
e chove morte contra os vidros
por dentro como soa o fim


Pedro Sena-Lino


Photobucket - Video and Image Hosting

terça-feira, agosto 29, 2006

Lisboa
Quando atravesso - (...) o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse


Sophia de Mello Breyner


Photobucket - Video and Image Hosting

sábado, agosto 26, 2006

Ainda te falta
dizer isto: que nem tudo
o que veio
chegou por acaso. Que há
flores que de ti
dependem, que foste
tu que deixaste
algumas lâmpadas
acesas. Que há
na brancura
do papel alguns
sinais de tinta
indecifráveis. E
que esse
é apenas
um dos capítulos do livro
em que tudo
se lê e nada
está escrito.


Albano Martins


Photobucket - Video and Image Hosting

quinta-feira, agosto 24, 2006

Viver, entretanto, é ver, ir vendo
e também ver inclui dormir
sem que nada se desfaça ou exclua
no interior dos sonhos.

Pensemos no comércio de viver: passagem dos navios
quando, a passar, se retém a espessa
água do tempo, da tempestade.

Um comércio, apenas - desvio da moeda
da trajectória do ouro
para o papel.

Sempre viver incluiu andar percorrer voar
de avião ou com os braços ou num ser de mais
rodas que nos conduza
a outro sentido ambulatório.


Luiza Neto Jorge


Photobucket - Video and Image Hosting

quarta-feira, agosto 23, 2006

a lebre deslumbrada com

Há topos de prédios cujos telhados são plataformas de lançamento de sonhos.


Carlos Veríssimo


Photobucket - Video and Image Hosting
ler o resto na minguante e cuscar o blog aqui
desabafo da lebre

queria ter o sol só para mim, tê-lo de forma a dele poder de vez em quando ceder parte apenas a um dos meus mais íntimos amigos.

Luís Miguel Nava


Photobucket - Video and Image Hosting

segunda-feira, agosto 21, 2006

sempre coleccionei mapas, quer dizer, colecciono mapas há muito tempo, centenas de mapas em minha casa, usados, imaculados, tanto faz, nos mapas escolho os caminhos sem medo, dou voltas e voltas aos meus mundos de papel, vou a todos os lugares, sítios a que não associo uma paisagem, uma cara, uma flor, nada, terras que só existem para cumprirem o meu desejo de partir nas tardes de muito calor, estendo os mapas no chão do meu quarto, não quero saber nada sobre o mundo, nunca quis, nas tardes de muito calor

passo tardes inteiras de verão a viajar


Dulce Maria Cardoso


Photobucket - Video and Image Hosting

sexta-feira, agosto 18, 2006

quinta-feira, agosto 17, 2006

Todos sabemos acender um fósforo
a quem nos pede lume.

Talvez fosse uma conversa
possível até ao fim. Mas o mais vulgar
é ficarmos onde estamos
com o fósforo aceso à beira do rosto

– e antes de haver tempo
a chama queima os dedos.



Carlos Poças Falcão

Image Hosted by ImageShack.us

domingo, agosto 13, 2006

fechou-se o sol, fechou-se o sentido do sol, iluminou-se o sentido de fechar

Alejandra Pizarnik
(tradução caseira da lebre)


Image Hosted by ImageShack.us