#b-navbar { display: none; }

quinta-feira, abril 16, 2015

Quando o John e a Ginny partiram, ele desse: “Havemos de vir ver-te.”
Passado um bocado adormeci. A chuva tamborilava no telhado. Senti que durante algum tempo teria de ser absolutamente passiva, flutuar de momento a momento e de hora a hora, deixando de fora sentimentos e pensamentos. Eram ambos demasiado perigosos. E eu temia o choro. Ultimamente, desde o hospital, tenho chorado muito, o que pode ser uma razão para o John achar que eu tinha de partir. As lágrimas são uma ofensa e fazem com que os outros, mais do que sofrer, se sintam atacados e irritados. Quando o mundo interior transborda desta maneira, há qualquer coisa de muito pessoal que se mostra onde não deve, ou onde não deve mostrar-se pelo menos quando se tem a minha idade. Só as crianças têm direito às lágrimas, portanto, de certa maneira, o facto de me terem mandado para aqui é um castigo. Caramba, agora não posso pensar assim. É perigoso tudo o que não é passivo. Aprendo a aceitar.



May Sarton


 photo sarahfaust2.jpg





sexta-feira, abril 10, 2015

Dias em que não terminamos nenhuma frase, como se nos arrependêssemos até da primeira que pronunciámos, e se não nos lembramos dela, que importa, lembramo-nos bem de todas aquelas que guardámos para nós até as gengivas sangrarem.



 Bénédicte Houart



 photo tracimatlock.jpg