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sexta-feira, maio 28, 2010

A infância é aí, onde partes, não onde chegas.





Manuel António Pina





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quinta-feira, maio 27, 2010

Pensar de pernas para o ar
é uma grande maneira de pensar
com toda a gente a pensar como toda a gente
ninguém pensava nada diferente

Que bom é pensar em outras coisas
e olhar para as coisas noutra posição
as coisas sérias que cómicas que são
com o céu para baixo e para cima o chão




Manuel António Pina




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quarta-feira, maio 26, 2010

Recolheremos todos os dividendos da luz onde antes havíamos recolhido
todos os dividendos do desespero. O que o inevitável nos traz.
Recebê-lo-emos com a temperança dos que esperam sem expectativa,
dos que pressentem as fronteiras da música em cada erro do passado,
em cada equívoco cultivado, em cada golpe sem premeditação,
em cada palavra suspensa antes do arrependimento.
Desse magma – rememorando magma – virá o que impele o sangue
no delta das artérias.





Luís Quintais




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terça-feira, maio 25, 2010

tive muita sorte contigo embora
te tenha escolhido a dedo
mas o meu dedo é pouco ajuizado
em suma não é de confiança
mesmo que saiba melhor do que eu
as coisas acontecem àqueles que acreditam
no alcance de um dedo bem apontado



Bénédicte Houart




quinta-feira, maio 20, 2010

como se fossemos restos de histórias
num ensaio geral de solidões

o tempo é um argumento
que nos fecha a porta





maria sousa





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sexta-feira, maio 14, 2010

não se recordam os dias recordam-se os instantes




Cesare Pavese



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segunda-feira, maio 10, 2010

parabéns menino mau
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domingo, maio 09, 2010

sexta-feira, maio 07, 2010

Guardo silêncio para que possam ouvi-lo desfazer-se.





Casimiro de Brito





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quarta-feira, maio 05, 2010

o amor assemelha-se a um exercício de natação(...): é como se o outro fosse o próprio mar que nos leva.





Lou Andreas-Salomé





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terça-feira, maio 04, 2010

Queremos a presença das coisas. É tão simples, isto: queremos as coisas próximas, íntimas, como as peças de roupa pousadas na cadeira ao nosso lado. Próximo e íntimo, desse mesmo modo, o que nos pertence ainda mais de perto: a evidência viva do mundo. E toda inteira, já agora. Queremos aberta a porta do ser - que há-de ter certamente uma porta. Vendo bem, porque não haveria essa porta? Há, em certos dias, em certos lugares do mundo, uma tão certa harmonia entre a temperatura do corpo e a do ar que quase se perde a noção de entre uma coisa e outra ser a pele uma fronteira.
O ar parece então levemente texturado, suave como algodão em rama. Dir-se-ia que o trazemos vestido. É qualquer coisa como isto, o que queremos. Algo de que esse envolvimento fosse a imagem ou - melhor ainda - simplesmente um caso muito concreto.





Rosa Maria Martelo





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domingo, maio 02, 2010